Um homem morreu em circunstâncias ainda não determinadas em Tebourba, no sul da Tunísia, informou nesta terça-feira (9) o Ministério da Saúde, em um momento em que várias cidades tunisianas são palco de protestos contra a austeridade, sete anos após a Primavera Árabe.
Depois dos distúrbios da noite de segunda-feira, nesta noite centenas de jovens voltaram às ruas de Tebourba, 30 quilômetros a oeste de Tunes, onde policiais e militares responderam às pedradas lançando bombas de gás lacrimogêneo, comprovou um jornalista da AFP.
Cenas similares ocorreram no centro desfavorecido do país, em Kasserin e Jelma, localidade próxima a Sidi Buzid, onde em dezembro de 2010 começou o protesto social que marcou o início da Primavera Árabe.
Uma necropsia era feita nesta terça-feira para determinar a causa da morte de um homem de 43 anos em Tebourba, em circunstâncias pouco claras depois dos confrontos de segunda-feira à noite, segundo os ministérios de Saúde e Interior.
O Ministério do Interior negou que ele tenha morrido pelas mãos da Polícia e destacou que o homem não tinha nenhum sinal de violência. Seu porta-voz, Khalifa Shibani, detalhou que o indivíduo sofria de "problemas respiratórios".
Na segunda-feira à noite, "não vimos protestos, mas gente que quebra, rouba e agride os tunisianos", afirmou o primeiro-ministro Yussef Shahed na rádio privada Mosaico FM.
Vários edifícios públicos foram danificados durante os distúrbios. Ao menos 44 pessoas foram detidas, 16 delas em Kasserin, e 18 nos bairros populares perto da capital, tunes, segundo um porta-voz do Ministério do Interior.
- Reivindicações sociais -
"Onze agentes (...) ficaram feridos pelo lançamento de pedras, projéteis e coquetéis molotov, e quatro viaturas policiais foram danificadas", disse à AFP um porta-voz das forças de segurança, Walid Ben Hkima, que fez alusão a "atos de violência e roubos".
Em Kasserin, dezenas de jovens incendiaram pneus e jogaram pedras contra agentes de segurança, que responderam com bombas de gás lacrimogêneo, indicou um correspondente da AFP. Em Sidi Buzid, estradas foram bloqueadas com pedras e pneus.
Esses incidentes ocorrem em um contexto de reivindicações sociais na Tunísia contra as medidas de austeridade previstas pelo governo, em especial a alta do IVA que entrou em vigor em 1º de janeiro no âmbito de um orçamento baixo.
Uma manifestação convocada por várias organizações da sociedade civil reuniu sem incidentes cerca de 100 pessoas nesta terça-feira à tarde na capital.
"Nossas reivindicações são estas: suspender a lei de finanças de 2018, voltar aos preços iniciais dos produtos e contratar uma pessoa de cada família pobre", declarou Hamza Nasri, membro da campanha "Fech Nestannew" ("O que estamos esperando") lançada no início do ano para protestar contra a alta dos preços.
O ministro das Finanças, Ridha Shalghum, assegurou que o governo manterá o aumento dos impostos.
"O chefe de governo se comprometeu a não aumentar os produtos de primeira necessidade", assegurou à AFP.
"Entre as conquistas da democracia está a possibilidade de se manifestar, mas também a obrigação de trabalhar por uma economia tunisiana saudável em que este crescimento, que começou a se mostrar em 2017, se consolide e seja criador de empregos", acrescentou.
* AFP