A lenda do futebol e senador George Weah obteve 61,5% dos votos no segundo turno das eleições presidenciais na Libéria, celebrado na terça-feira, contra 38,5% para o vice-presidente Joseph Boakai, anunciou nesta quinta-feira (28) a Comissão Eleitoral Nacional, após a apuração de 98,1% dos votos.
Astro do PSG e do Milan AC nos anos 1990, George Weah sucederá em 22 de janeiro a presidente em fim de mandato, Ellen Johnson Sirleaf, na primeira transição democrática neste país anglófono oeste-africano em mais de 70 anos.
Os liberianos aguardavam com ansiedade os resultados, ainda que parciais, do segundo turno, uma disputa entre a lenda viva do futebol do país e o atual vice-presidente, Joseph Boakai.
Em Monróvia, policiais armados estavam a postos nas imediações da sede da NEC, que havia anunciado que divulgaria os primeiros resultados durante o dia, sem dar horários, constatou a AFP.
Weah sucederá a primeira mulher eleita chefe de Estado na África, que esteve 12 anos no comando deste pequeno país, conduzindo a reconstrução depois da guerra civil (1989-2003), que deixou cerca de 250.000 mortos.
"O povo liberiano elegeu claramente [na terça-feira] e, juntos, teremos confiança com relação ao resultado do processo eleitoral", tuitou o presidente eleito.
Weah, de 51 anos, obteve a maior votação no primeiro turno, com 38,4% dos votos, enquanto Boakai, de 73 anos, foi o segundo colocado, com 28,8% dos votos.
Weah, único africano a ganhar a Bola de Ouro do futebol europeu (1995), disputou sem sucesso as presidenciais de 2005 e 2011, e também foi um candidato frustrado à vice-presidência na chapa de Winston Tubman. É senador desde 2014.
O país ainda vive sob a sombra de Charles Taylor, de 69 anos, ex-senhor da guerra e presidente (1997-2003), condenado a 50 anos de prisão, que cumpre no Reino Unido por crimes de guerra e contra a humanidade, cometidos na vizinha Serra Leoa. Outros dois presentes anteriores foram assassinados.
- 'Um bem comum: a paz' -
"A NEC está feliz de que, 48 horas depois da votação, tudo continue em paz. Inclusive quem foi virulento nas redes sociais começou a mudar de tom", declarou mais cedo, nesta quinta-feira, na rádio, seu diretor de comunicação, Henry Flomo.
"Todo mundo diz que há um bem comum a proteger, isto é, a paz na Libéria", acrescentou.
O país tem 2,1 milhões de inscritos no colégio eleitoral. Espera-se que a contagem de votos termine na sexta-feira, quando se conhecerá o resultado final da eleição.
"Isto vai mais rápido do que antes e as eleições foram justas. [O processo] continuará sendo pacífico, estou certo de que não haverá violência", explicou nesta quinta-feira à AFP um funcionário de uma seguradora, Bestman Smith, de 27 anos, no centro da capital, Monróvia.
Tanto o secretário-geral da ONU, Antonio Guterres, quando a União Europeia (UE) e o chefe dos observadores da Comunidade Econômica de Estados do Oeste da África (CEDEAO), o ex-presidente de Gana John Dramani Mahama, elogiaram a "celebração pacífica" das eleições.
Segundo Mahama, a participação no segundo turno foi de "cerca de 55%", após ter sido adiada durante sete semanas, devido a um recurso judicial apresentado pelo candidato que ficou em terceiro lugar.
* AFP