O partido do primeiro-ministro islandês Bjarni Benediktsson, enfraquecido pelos recentes escândalos que salpicaram a classe política no país, perdeu terreno nas eleições legislativas parciais de sábado, mas a dispersão do eleitorado e o avanço da esquerda tornam difícil qualquer previsão sobre o futuro governo.
Às 06h00 GMT (4h00 de Brasília), com 65% dos votos apurados, o Partido da Independência do primeiro-ministro somava 16 assentos dos 63 que compõem o Parlamento, contra 21 no período anterior, seguido pelo movimento Esquerda-Verdes com 11 (+1) e pela social-democrata Aliança, com oito parlamentares (+3).
O partido centrista Futuro Radiante, do ex-chefe de governo Sigmundur David Gunnlaugsson, somava sete lugares (+4), enquanto o Partido Popular aparece como a primeira formação populista a entrar no Parlamento islandês, com quatro assentos.
O primeiro-ministro e líder do Partido da Independência, Bjarni Benediktsson, anunciou em setembro que seriam realizadas eleições antecipadas, depois que seu aliado governamental, o partido de centro Futuro Radiante, se retirou da coalizão, apenas nove meses depois de sua chegada ao poder, resultado de longas negociações.
De acordo com o sistema islandês, o presidente, cujo papel é principalmente protocolar, ordena ao líder do partido mais votado formar um governo. "Estamos vencendo esta eleição e esperamos ter mais assentos no Parlamento à medida que a apuração avança", declarou Benediktsson a um grupo de apoiantes em Reykjavik.
Os social-democratas governaram com o movimento Esquerda-Verdes entre 2009 e 2013 depois da renúncia do governo conservador, acusado de negligência durante a crise financeira de 2008, que arrasou a pequena ilha vulcânica do extremo norte da Europa.
Enquanto esteve no poder, a esquerda presidiu a redação da nova Constituição "por" e "para" os cidadãos, que fez com que o país se tornasse um exemplo de combate à corrupção.
Mas nas eleições de 2013, os eleitores optaram pelas promessas de maior prosperidade dos conservadores Partido do Progresso e Partido da Independência.
- Escândalos -
Estas são as quartas eleições legislativas desde a crise financeira de 2008.
Desde então, o país, que esteve à beira da falência após o colapso de seus três principais bancos, conseguiu uma recuperação espetacular, mas entre a cidadania persiste a raiva e a falta de confiança com uma classe política salpicada por vários escândalos, como os Panama Papers.
Há um ano, o país votava em eleições antecipadas após a renúncia do então premiê, Sigmundur David Gunnlaugsson, mencionado em tais documentos.
Mais de 600 islandeses apareceram na publicação, um número extremamente alto para os 335.000 habitantes da ilha.
O nome de Benediktsson, então ministro das Finanças, também estava na lista. Apesar disso, tornou-se primeiro-ministro em janeiro de 2017, com uma maioria de um assento.
Apesar dos escândalos e da hipótese de um retorno da esquerda ao poder, é provável que as eleições confirmem a implantação do Partido da Independência.
Em 2016, a economia islandesa cresceu 7,2% e no segundo trimestre de 2017 a expansão foi de 3,4%.
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* AFP