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A Alemanha decide, neste domingo (24), se mantém a chanceler Angela Merkel no poder. Eleita durante seis anos consecutivos pela revista Forbes como "a mulher mais poderosa do mundo", Merkel é a favorita e deve ser reeleita para um quarto mandato, consolidando 16 anos no poder. A promessa: estabilidade no país.
Todas as pesquisas de opinião apontam que o partido conservador de Angela Merkel, a Aliança Democrata-Cristã (CDU), em coligação com o União Social-Cristã da Bavária (CSU), deve vencer as eleições deste domingo, frente ao Partido Social-Democrata (SPD), do rival Martin Schulz. Devem votar 61,5 milhões de pessoas com mais de 18 anos.
Alguns órgãos, como a empresa de pesquisa YouGov, chegam a apontar que a coligação CDU-CSU deve alcançar 36% dos votos, enquanto que o SPD, 23%.
Segundo especialistas, Merkel, que é líder do CDU, não tem rivais que realmente imponham alguma ameaça. Como afirmava o filósofo Peter Sloterdijk em 2015, ela encarna como ninguém "o desejo ardente de normalidade" da população, consequência de um país com passado histórico conturbado. Para os alemães, a chanceler passa segurança – está no cargo desde 2005 e teve sucesso em manter a Alemanha como potência mundial em meio às crises econômica e migratória.
Ao longo de seus mandatos, Merkel superou a crise econômica de 2008, acolheu reivindicações de sindicatos, baixou a idade mínima de aposentadoria de algumas categorias, decidiu abolir a energia nuclear no país após o desastre de 2011 em Fukushima, no Japão (focando em energia sustentável, eólica e solar) e manteve a Alemanha relativamente aberta para a imigração (quase 1 milhão de pessoas chegou ao país em 2015). Em suma, assumiu bandeiras da direita e da esquerda, o que ajudou a enfraquecer a oposição.
Nascida e formada na ex-Alemanha Oriental comunista, a líder conservadora é vista como discreta, dura e pragmática. Às vezes é chamada "a chanceler de ferro", por sua defesa ferrenha das políticas de austeridade. De outro lado, também é chamada de "Mutti" (mamãe), por inspirar uma grande segurança em meio à turbulência europeia.
Votação de deputados deve marcar eleição
Apesar de a eleição de Angela Merkel ser praticamente certa, a grande expectativa para as urnas é sobre os novos deputados a comporem o Bundestag, o parlamento alemão. O nacionalista Alternativa para a Alemanha (AfD), novo partido de direita do país, equivalente à Frente Nacional da França ou ao Partido da Independência do Reino Unido, ganha cada vez mais força.
Pela primeira vez, o AfD deve eleger representantes no parlamento – conforme as pesquisas de opinião, deve ser o terceiro partido mais votado.
Líderes da sigla são conhecidos por declarações polêmicas, como dizer que o Memorial do Holocausto, que homenageia judeus exterminados durante a Segunda Guerra Mundial, em Berlim, é o "Monumento da Vergonha". Na prática, prega a Alemanha fora da zona do euro, se opõe a políticas liberais pró-LGBT, critica o islamismo e pede o endurecimento das políticas de imigração.
A votação começou às 8h do horário local (3h da manhã do horário de Brasília) e vai até as 19h.