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Barcelona prestou homenagens neste domingo (20) aos 14 mortos nos atentados de quinta-feira (17) e sexta-feira (18), ao mesmo tempo em que a polícia continuava com a busca a um fugitivo da célula jihadista que planejava executar vários ataques na capital da Catalunha. Pela manhã, uma cerimônia na Sagrada Família reuniu cerca de 1,8 mil pessoas, incluindo autoridades espanholas.
– Se soubesse que está na Espanha e soubesse a localização, iríamos atrás dele. Não sabemos onde está – declarou à imprensa internacional o comandante da polícia catalã, Josep Lluís Trapero, em referência ao foragido.
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De acordo com a imprensa espanhola, o fugitivo é o marroquino Younes Abouyaaqoub, de 22 anos, que seria o motorista da van que feriu outras 120 pessoas ao lançar o carro na direção dos pedestres nas Ramblas de Barcelona. O comandante dos Mossos d'Esquadra (polícia regional) não confirmou a identidade do suspeito.
De acordo com Trapero, os planos iniciais da célula, composta por 12 pessoas - incluindo um imã -, foram frustrados por uma explosão acidental na quarta-feira (16) em uma casa de Alcanar, 200 quilômetros ao sul de Barcelona.
– Naquele momento estavam preparando os explosivos para, de modo iminente, executar um ou vários atentados na cidade de Barcelona – disse Trapero.
Na residência, a célula armazenava mais de cem botijões de gás, informou o comandante. Desde quarta-feira a polícia trabalha no local e os agentes encontraram "ingredientes" de TATP, um explosivo utilizado pelo grupo extremista Estado Islâmico (EI), que reivindicou os atentados.
O papel do imã
Dos 12 membros identificados da célula, quatro estão detidos, cinco morreram após o ataque em Cambrils (120 quilômetros ao sul de Barcelona), um está foragido e outro morreu na casa de Alcanar.
O 12º também pode ter morrido na explosão de Alcanar, pois na residência foram encontrados "vestígios de no mínimo duas pessoas", disse Trapero.
Nenhum dos 12 integrantes da célula, com idades entre 17 e 34 anos, tinha antecedentes vinculados com delitos de terrorismo, informou o comandante dos Mossos d'Esquadra.
Trapero confirmou que um dos integrantes da célula é o imã de Ripoll, uma pequena cidade do norte da Catalunha onde moravam diversos integrantes do grupo. O imã foi identificado por seu colega de apartamento, Nordeen el Haji, como Abdelbaki Es Satty. No sábado, a Polícia realizou uma operação de busca na casa do religioso. Nas últimas horas aumentaram as suspeitas de que o imã, de 42 anos, liderava a célula:
– Ele se reunia mais com os jovens do que com pessoas da sua idade – afirmou um vizinho de Ripoll, ao descrever o imã, que chegou à cidade em 2015. Em junho, ele pediu férias de três meses, ao afirmar que precisava viajar ao Marrocos.
Homenagem na Sagrada Família
Durante a manhã, Barcelona homenageou as vítimas em uma cerimônia solene na Sagrada Família, o famoso templo concebido por Antonio Gaudí, na presença de 1,8 mil pessoas.
A cerimônia, sob fortes medidas de segurança que incluíram a presença de franco-atiradores, contou com a participação do rei Felipe e da rainha Letizia da Espanha, do primeiro-ministro espanhol Mariano Rajoy e do presidente da região da Catalunha, Carles Puigdemont.
– Las Ramblas são algo muito forte para nós, passeamos por lá muitas vezes, poderia ter acontecido comigo, com meus filhos, com qualquer pessoa – desabafou antes da missa Teresa Rodríguez, moradora da Catalunha desde 1969.
– Isso poderia ter acontecido com qualquer pessoa, inclusive comigo, como turista – declarou a chilena Francisca Rubio.
A capital catalã tenta voltar à normalidade e neste domingo está programada a partida entre Barcelona e Betis no Camp Nou, pela primeira rodada do campeonato espanhol. De maneira simbólica, os jogadores terão em seus uniformes a palavra "Barcelona" e não seus nomes.
– A reconquista da normalidade é a maior derrota dos que desejam alterar nossa forma de vida normal, da qual faz parte o futebol – afirmou Puigdemont.
Doze vítimas identificadas
Até o momento já foram identificadas 12 das 14 vítimas fatais. Entre elas destaca-se um menino britânico-australiano de sete anos, e outro espanhol de três.
A polícia catalã investiga também o caso de Pau Pérez, de 34 anos, encontrado morto com ferimento de arma branca em um veículo que na quinta-feira passou por um posto de controle, três horas depois do atropelamento em Las Ramblas. Se for confirmada a relação com o atentado, seria a 15ª vítima do atentado.
Sobre os feridos, neste domingo à tarde havia 10 pessoas hospitalizadas em estado crítico das 51 ainda internadas.
* AFP