
Um ataque executado por supostos extremistas contra um restaurante em Uagadugu, capital de Burkina Faso, na noite de domingo (13), deixou 18 mortos. O governo confirmou o número de vítimas nesta segunda-feira (14) ao anunciar o fim da operação das forças de segurança nesse caso.
A ação contra o restaurante Istanbul também deixou vários feridos e terminou com dois criminosos mortos, informou o ministro da Comunicação, Remis Dandjinou. O número total de envolvidos no ataque não foi confirmado até o momento. O ministro acrescentou que as operações de "rastreamento e verificação de imóveis adjacentes" prosseguiam nesta segunda-feira (14).
A troca de tiros chegou ao fim às 5h (2h de Brasília). Antes do anúncio sobre o término do ataque, Dandjinou afirmou que várias pessoas eram mantidas como reféns e que algumas haviam sido liberadas, sem revelar detalhes.
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O ministro também falou em vítimas "de diferentes nacionalidades". Ao menos uma pessoa francesa e uma turca estão entre os mortos, de acordo com os respectivos governos.
O restaurante Istanbul fica a 200 metros do café Cappucino, que em janeiro de 2016 foi alvo de um violento ataque extremista, reivindicado pela Al-Qaeda no Magreb Islâmico (AQMI), que havia deixado 30 mortos e 71 feridos, a maioria estrangeiros.
– De acordo com testemunhas, pelo menos dois criminosos chegaram de moto às 21h, armados com fuzis kalashnikovs, e abriram fogo contra o restaurante Istanbul – declarou um policial que pediu anonimato.
O presidente de Burkina Faso, Roch Marc Christian Kaboré, condenou o atentado na capital do país em uma mensagem no Twitter. "Condeno com a maior energia o abjeto atentado que cobriu Uagadugu de luto", escreveu. "A luta contra o terrorismo é um combate muito longo, mas Burkina Faso superará esta adversidade porque seu povo corajoso vai resistir sem concessão ao terrorismo", completou.
Ação das forças de segurança
Um garçom do restaurante afirmou que viu quando "três homens desceram de um jipe às 21h30min e abriram fogo contra os clientes" do Istanbul, que é muito frequentado por estrangeiros.
Depois de isolar a área do estabelecimento, as forças de segurança iniciaram uma operação às 22h15min locais contra os criminosos entrincheirados no local.
Os tiros, intensos no início da ação, se tornaram esporádicos após algumas horas. Um vídeo publicado no Twitter mostra várias pessoas correndo e gritando pelas ruas. Poucos segundos depois, é possível escutar os tiros.
Na manhã desta segunda-feira (14), o perímetro ao redor do restaurante permanecia fechado. Uma unidade especializada da polícia foi enviada ao local para obter mostras para a investigação e iniciar a identificação das vítimas. Os feridos foram levados para o hospital Yalgado Ouedraogo.
– Estamos lotados – admitiu um cirurgião que pediu anonimato. – Recebemos uma dezena de feridos, três deles morreram. A situação de outros feridos é muito crítica – completou.
O prefeito de Uagadugu, Armand Béouindé, anunciou que o ministro da Segurança, Simon Compaoré, e o ministro da Energia, Alpha Omar Dissa, seguiram para o local do ataque.
Burkina Faso, país que tem fronteira com Mali e Níger, foi cenário de vários ataques jihadistas desde 2015. O mais violento, em janeiro de 2016, teve como alvos o hotel Splendid e o café Cappuccino, com um balanço de 30 mortos.
Em dezembro do mesmo ano, 12 soldados morreram em uma ação contra um regimento na região norte do país. Dois meses antes, quatro militares e dois civis morreram em um ataque.
O país do oeste da África, pobre e sem acesso ao mar, repetiu diversas vezes a necessidade de trabalhar para "lutar contra o terrorismo" em conjunto com a vizinha Costa do Marfim, também afetada por um atentado jihadista em 2016, que deixou 19 mortos.