Um grande incêndio florestal deixou ao menos 61 mortos, muitos deles carbonizados no interior de seus veículos, e dezenas de feridos no centro de Portugal, onde neste domingo os bombeiros seguiam lutando contra as chamas.
Cerca de 1,7 mil bombeiros e 300 veículos combatiam o fogo que se declarou na tarde de sábado na localidade de Pedrogão Grande, a 50 km de Coimbra, na região de Leiria, e se estendeu para várias frentes.
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Segundo um novo balanço anunciado pelo premier, Antônio Costa, a cifra de mortos foi corrigida de 62 para 61, porque uma vítima havia sido contabilizada duas vezes. "Mas certamente encontraremos mais vítimas", assinalou o chefe de governo, emocionado, após uma visita ao local do incêndio.
Conforme o secretário de Estado do Interior, Jorge Gomes, são quatro os focos do incêndio.
– O fogo continua avançando em quatro frentes, duas delas com muita violência – explicou o secretário.
Muitas das vítimas ficaram presas no interior de seu carro quando circulavam em uma estrada próxima.
– É difícil dizer se estavam fugindo do fogo ou foram surpreendidos por ele – disse Gomes.
No Vaticano, o papa Francisco expressou sua "proximidade com o querido povo português em função do devastador incêndio que arrasa as florestas (...) causando muitos mortos e feridos".
O presidente português, Marcelo Rebelo de Sousa, viajou à zona atingida para prestar suas condolências às famílias das vítimas, e "compartilha sua dor, em nome de todos os portugueses".
– Infelizmente, esta é, sem dúvida, a pior tragédia que conhecemos nesses últimos anos em termos de incêndios florestais, reconheceu o primeiro-ministro português Antonio Costa, na sede da Defesa Civil.
Dezenas de pessoas que fugiram de suas casas foram acolhidas pelos habitantes da localidade vizinha de Ansiao.
– Há pessoas que chegaram dizendo que não queriam morrer em sua cassa, envoltas pelas chamas, explicou à imprensa um dos moradores, Ricardo Tristao.
– Houve um momento muito tenso no povoado de Moninhos Cimeiros, onde várias moradias tiveram de ser evacuadas e, se não tivéssemos chegado lá, tudo teria virado fumaça, explicou um bombeiro, Mario Maia, à AFP.
– A prioridade é salvar as pessoas que possam continuar em perigo, declarou o premiê Costa, visivelmente abalado.
No sábado, um forte calor atingiu Portugal, com temperaturas que superaram os 40 graus em várias regiões.
Cerca de 60 incêndios florestais se declararam em todo o país durante a noite e cerca de 1,7 mil bombeiros foram mobilizados para combatê-los.
Os incêndios podem ter sido provocados pela queda de raios em zonas onde ocorrem tempestades elétricas, explicou Costa. O principal atingiu vários povoados e foram colocados em andamento planos de evacuação, acrescentou, sem detalhar números.
A Espanha enviou neste domingo dois Canadairs à região para reforçar o dispositivo dos bombeiros portugueses em terra, assinalou Costa.
– Meus pensamentos estão com as vitimas em Portugal, afirmou em um tuíte o presidente da Comissão Europeia, Jean-Claude Juncker.
Relativamente poupado nos anos de 2014 e 2015, Portugal foi duramente atingido no ano passado pelos incêndios florestais, que devastaram mais de
100 mil hectares em seu território continental.
Na ilha turística de Madeira, onde o fogo deixou três mortos em agosto, 5.400 hectares foram devoradas pelas chamas em 2016 e 40 moradias foram destruídas. Em 1966, um violento incêndio causou a morte de 25 militares que tentavam em vão controlá-lo.
*AFP