Os chefes da inteligência dos Estados Unidos informaram ao presidente eleito, Donald Trump, que agentes russos dizem ter informações pessoais e financeiras comprometedoras sobre ele, reunidas em memorandos que circulam por Washington e que foram divulgados, na terça-feira, pelos meios de comunicação norte-americanos.
A informação foi apresentada a Trump na sexta-feira passada durante um encontro com os diretores das agências de espionagem que deveriam informá-lo sobre a suposta interferência russa da campanha eleitoral. A rede CNN disse que, nestes relatórios, são detalhados contatos que pessoas próximas a Trump teriam realizado com funcionários russos.
Leia mais
Obama exalta diversidade e diz que racismo é uma ameaça à democracia
Obama não apenas jogou confete sobre si mesmo: discursou para a história
Nomeação do genro de Trump para Casa Branca gera polêmica sobre nepotismo
Também são mencionadas gravações em vídeo de festas com prostitutas que o agora presidente eleito teria participado na Rússia em 2013.
"Notícias falsas – uma caças às bruxas total!", reagiu na terça-feira o presidente eleito no Twitter.
Por sua vez, o presidente em fim de mandato, Barack Obama, disse à rede NBC que não comenta "sobre informações classificadas".
A autenticidade das 35 páginas de documentos – datados entre junho e dezembro de 2016 – ainda não foi confirmada por nenhuma fonte, mas detalham contatos que enviados de Trump teriam realizado na República Checa e na Rússia.
A CNN indicou que a existência dos memorandos russos foi informada por um ex-agente de inteligência britânico contratado por outros candidatos presidenciais dos Estados Unidos para fazer uma "investigação de oposição" política sobre Trump em meados do ano passado.
O FBI, a polícia federal dos Estados Unidos, recebeu a informação em agosto, mais de dois meses antes das eleições presidenciais de 8 de novembro, segundo a CNN. A Rússia, por sua vez, negou ter "informações comprometedoras" sobre o presidente eleito dos Estados Unidos.
– O Kremlin não tem informações comprometedoras sobre Trump – disse à imprensa o porta-voz do presidente Vladimir Putin, Dimitry Peskov, ressaltando que estas alegações pretendem "minar as relações bilaterais" entre Washington e Moscou.
Estas revelações incendiárias ocorrem às vésperas da posse do governo de Trump, marcada para o dia 20 de janeiro e também provocaram comoção.
– Se estas alegações de coordenação entre funcionários da campanha de Trump e agentes de inteligência russos, e as alegações de que os russos comprometeram a independência do presidente eleito forem certas, isso seria realmente alarmante – disse o senador democrata Chris Coons à CNN.
Rússia nega informações
A Rússia rebateu, nesta quarta-feira, as informações divulgadas pela imprensa norte-americana. Em pronunciamento à imprensa, o porta-voz do Kremlin, Dimitry Peskov classificou como "total falsidade" as suspeitas sobre o governo russo.
– O Kremlin não tem informações comprometedoras sobre Trump – assegurou Peskov.
O porta-voz afirmou que as alegações pretendem "minar as relações bilaterais" entre Washington e Moscou. Peskov utilizou a palavra "komrpoma", expressão herdada do jargão soviético que designa informações comprometedoras sobre pessoas suscetíveis de serem submetidas a chantagens.
Hackers
A Rússia foi acusada pela inteligência dos Estados Unidos de ter tentado influenciar na campanha eleitoral com ataques cibernéticos com o objetivo de aumentar as chances de vitória de Trump. Segundo a inteligência, a Rússia teria hackeado os e-mails do Comitê Nacional Democrata e de outras instituições americanas com o objetivo de influenciar na eleição de 8 de novembro.
No entanto, os hackers russos não se envolveram na campanha nacional de Trump, indicou na terça-feira o diretor do FBI, James Comey. De acordo com ele, que compareceu perante a comissão de inteligência do Senado, os russos entraram nos computadores de campanha de Trump apenas nos âmbitos local e estatal.
– Não temos nenhum indício de que a campanha de Trump tenha sido hackeada (nacionalmente) – indicou o diretor do FBI.
Os russos acessaram dados do Partido Republicano, mas foram contas de e-mail "que já não eram utilizadas", explicou o diretor do FBI. As informações que coletaram eram velhas e não foram divulgadas pelos russos.
O Kremlin também nega estas acusações. No entanto, a administração Obama, que entregará o poder a Trump em 20 de janeiro, sancionou em dezembro a Rússia, expulsando 35 diplomatas considerados espiões.