São tão poucas as esperanças para quem já perdeu tudo, que vale se lançar ao mar mal sabendo nadar. Esse foi o destino de Bashar, 41 anos, um sobrevivente da guerra síria que passou 24 horas amontoado com mais 499 desesperados no convés de um velho pesqueiro na esperança de alcançar Lampedusa - uma pequena ilha no sul da Itália, de águas paradísiacas. Quando o motor parou, na noite de 3 de outubro, e a embarcação precária foi a pique, Bashar e outros 141 sírios, eritreus e somalis foram retirados com vida de uma das maiores tragédias com clandestinos em busca de refúgio na Europa. Ainda assim, os emigrantes continuam chegando a mancheias no porto das tragédias. E, para os que não perecem na travessia, a nova vida está sujeita a autoridades atordoadas com os visitantes indesejados. Bashar só sonha em acordar onde "tudo esteja no mesmo lugar".
Da guerra à deriva
Sobrevivente do naufrágio de Lampedusa lembra horror a bordo
O sírio Bashar, 41 anos, diz sonhar apenas em acordar em um lugar onde "tudo esteja no mesmo lugar"
Fernanda Grabauska
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