A partir desta sexta-feira (2), Bagé passa a ter maior restrição no abastecimento de água, conforme o Departamento Municipal de Água, Arroios e Esgoto de Bagé (Daeb). Os dois setores em que a cidade está dividida vão intercalar interrupções diariamente entre 15h e 3h.
Cada setor passará 12h por dia sem água, conforme o secretário de Segurança e Mobilidade Urbana de Bagé, Max Geraldo Meinke.
— Contando desde 2005, este é o 11º racionamento. Quase que a cada dois, três anos. Isso indica o seguinte: em períodos cíclicos, chove pouco na cidade. E o município possui pequena capacidade de reservação hídrica. Portanto, nestes momentos em que chove pouco, temos dificuldade de atender à população diante do consumo normal — afirmou em entrevista à Rádio Gaúcha nesta quinta-feira (1º).
Regiões mais afastadas da rede poderão ter ainda menos horas de abastecimento, uma vez que a água demora mais para chegar a esses locais.
— Tenho uma caixa d'água de 200 litros, mas não dá. Não dá para tomar banho, a água fica muito fraquinha no chuveiro. Na pia da cozinha, uns risquinhos, fiozinho d'água, isso desde anos atrás. Sempre foi assim Bagé — relata Vera Regina Rodrigues, que mora no bairro São Bernardo.
Uma barragem está sendo construída para resolver o problema. Iniciada há 13 anos, a obra da barragem de Arvorezinha tinha conclusão prevista para 2026, mas o cronograma não vai se concretizar, revelou o secretário. Segundo Meinke, o trabalho ainda deve levar três anos.
A ideia é que, após finalizada, a barragem tenha capacidade de armazenar 18 milhões de metros cúbicos, o que corresponde a 18 bilhões de litros, o que deve quadruplicar a capacidade de abastecimento no município. Os serviços são realizados pelo Exército Brasileiro por meio do 1º Batalhão Ferroviário, de Lages (SC).
De acordo com Meinke, a obra chegou a ser embargada por suspeita de irregularidades, o que atrasou o planejamento.
— Para dar uma notícia segura, em três anos deve ficar pronta, mas a expectativa, pelo ritmo acelerado das obras, é que em dois anos esteja pronta (a nova barragem) — afirmou.
O Daeb calcula que o déficit hídrico do município atingiu 242 milímetros nos primeiros quatro meses do ano devido à falta de chuva. Segundo as médias históricas, era para ter chovido 476 milímetros entre janeiro e abril, mas o acumulado foi de apenas 234 milímetros no período. Ou seja, a chuva registrada no começo deste ano foi cerca de metade do esperado.