
O professor de canto Hallan Richard Morais da Cruz, 26 anos, foi preso em flagrante na última sexta-feira (25) em Porto Nacional, no Tocantins, após ser acusado de oferecer um "chá de sêmen" às suas alunas.
Uma estudante notou alterações no líquido fornecido durante a aula e acionou a polícia. Conforme a investigação, Hallan alegava que a bebida traria "benefícios" para a voz das alunas.
Durante a abordagem, a Polícia Militar encontrou dois frascos com a substância e um celular usado para filmar as vítimas sem o consentimento delas.
O professor confessou os crimes e relatou que outras estudantes também teriam ingerido o líquido, incluindo uma menor de idade.
A 72ª Delegacia de Polícia de Luzimangues investiga o caso. A prisão em flagrante foi convertida em preventiva durante audiência de custódia realizada no domingo (27).
Vídeos e materiais ilícitos foram entregues à polícia
Durante as investigações, o irmão de Hallan encontrou um HD externo na residência da família, onde o professor também morava. O aparelho foi entregue à Central de Atendimento à Mulher, em Palmas, no sábado (26), segundo o g1.
Segundo o Termo de Declaração, no dispositivo foram encontrados vídeos das alunas ingerindo a bebida adulterada, além de imagens do professor em atos sexuais e registros envolvendo crianças e mulheres no Distrito de Luzimangues, em Porto Nacional.
O material está sendo analisado pela polícia para identificar todas as vítimas. Ele também costumava publicar vídeos tocando instrumentos musicais e cantando em igrejas nas redes sociais.
Família e ex-empresa publicam notas de repúdio
A família de Hallan Richard se manifestou nas redes sociais com uma nota repudiando as ações atribuídas ao investigado. O comunicado afirma que os parentes não compactuam com o comportamento do professor e manifestam solidariedade às possíveis vítimas. Confira:
"Em razão da prisão de Hallan Richard, seus familiares manifestam publicamente seu total REPÚDIO a toda e qualquer conduta ilícita a ele imputada e confiam no Poder Judiciário para que, comprovada a autoria e materialidade dos fatos, haja a devida responsabilização.
Ante a gravidade e reprovabilidade, bem como a repercussão do caso, a família atravessa um momento de grande sofrimento e se solidariza com as possíveis vitimas e seus familiares, com votos para que a justiça seja feita".
A Vegas Assessoria de Marketing, empresa onde Hallan prestou serviços em 2023, também se pronunciou. A companhia informou que ele não integra mais seus quadros desde o ano passado e que repudia qualquer prática ilícita.
Professor é assistido pela Defensoria Pública
Como Hallan não apresentou advogado particular até a audiência de custódia, a Defensoria Pública do Tocantins passou a representar sua defesa.
Em nota, o órgão explicou que, nestes casos, a assistência jurídica é automática para garantir os direitos do acusado. A Defensoria continuará atuando no processo enquanto ele não constituir advogado. Confira a nota:
"A Defensoria Pública do Estado do Tocantins informa que a pessoa citada pela reportagem foi assistida pela Instituição durante a audiência de custódia, haja vista que não apresentou defesa particular (advogado ou advogada) até a audiência. Em casos como esse, a Defensoria Pública é automaticamente inserida ao processo pelo sistema de Justiça para atuar a fim de garantir o contraditório, entre outros direitos. O citado continuará sendo assistido da Instituição se não apresentar defesa privada".
Decisão da Justiça cita risco à ordem pública
Ao converter a prisão em flagrante para preventiva, o juiz Willian Trigilio destacou que a liberdade do investigado representa risco concreto à sociedade e às vítimas.
O magistrado considerou a gravidade dos fatos, o risco de reiteração e a presença de indícios de que Hallan já era investigado por estupro de vulnerável.
"Não se trata, pois, de presumir a culpa, até porque isso não seria possível, mas sim de reconhecer a presença de um risco, razoavelmente fundamentado, e lançar mão de medida cautelar para evitá-lo e, com isso, garantir a ordem pública, abalada pela liberdade daqueles que reiteram na conduta ilícita", afirmou o juiz no despacho.
A investigação segue em andamento para apurar o número de vítimas e analisar todo o material encontrado.
Como denunciar casos de violência no Brasil
- Disque 100: recebe denúncias sobre violência contra criança e adolescente em todo o país
- Brigada Militar: pode ser acionada pelo 190 em qualquer cidade do RS
- Polícia Civil: basta ir à delegacia mais próxima ou repassar a informação pelo telefone de forma anônima. É possível utilizar o Disque Denúncia pelo 181. A Divisão Especial da Criança e do Adolescente (Deca) em Porto Alegre atende pelo telefone 0800-642-6400
- Conselho Tutelar: denúncias são verificadas. Em Porto Alegre, há plantão na Rua Fernando Machado, 657, Centro Histórico, inclusive durante a noite e aos fins de semana. Em casos de emergência é possível ligar para os telefones (51) 3289-8485 ou 3289-2020. O endereço e telefone de cada uma das unidades podem ser conferidos neste link.