
Formada em Química de Alimentos pela Universidade Federal de Pelotas (UFPel), no sul do Estado, Paula Vergara da Silva, a Pauli, como era conhecida, decidiu mudar de vida há cerca de três anos. Foi quando passou a se dedicar a projetos envolvendo a alimentação saudável.
Desde outubro do ano passado, residia em São Miguel do Gostoso, no litoral do Rio Grande do Norte, onde fazia trabalho voluntário em uma escola, ensinando a crianças sobre o tema. Na última sexta-feira (4), aos 43 anos, a professora morreu, após sofrer uma descarga elétrica num hostel no qual estava hospedada.
— A Paula sempre foi uma pessoa iluminada por onde passava e sempre sorrindo, querendo ajudar os outros. O que nos consola saber — a mim, à mãe e aos dois irmãos — é que ela estava fazendo o que mais amava, estava feliz — diz o pai, Paulo Ricardo Motta Silva.
A família mobilizou uma campanha para conseguir fazer o translado de Paula até o Rio Grande do Sul. Na manhã desta segunda-feira (7), o corpo dela chegou a Porto Alegre. O velório está previsto para se iniciar às 15h30min, no Cemitério Ecumênico de Pelotas.
Em busca do sonho
Natural do município do sul do RS, Paula foi servidora pública e atuou como professora na área de alimentos por cerca de 15 anos, até o ano de 2022, quando decidiu fazer uma transformação de vida. Em maio do ano passado, Paula trabalhou em cozinhas solidárias durante o período da enchente, que atingiu o Rio Grande do Sul.
— Saiu de uma vida estável, como professora universitária, para trabalhar como voluntária. Sempre gostou de crianças, apesar de não ter tido filhos. Sempre sonhou em fazer trabalho voluntário. O sonho dela era esse. Era desenvolver um trabalho, era formada em Química de Alimentos. Queria ensinar as crianças a comer saudavelmente, procurar tirar das escolas os alimentos ultraprocessados — conta o pai.
De sorriso largo, Paula é lembrada pelos amigos como uma pessoa solidária e amorosa.
"Moça de coração enorme, levou o bem por onde passou, aqui em Floripa, no Rio Grande do Sul durante as enchentes de 2024 e agora estava realizando um trabalho que ela adorava, oferecendo oficinas culinárias e lúdicas para crianças", escreveu a equipe do projeto Solidariedade em Dobro, do qual ela fez parte, em Santa Catarina.

Choque elétrico
Paula foi eletrocutada por volta das 16h40min da última sexta-feira. O acidente teria acontecido no momento em que ela tentou conectar um equipamento eletrônico na tomada.
— Ela saiu molhada da piscina e foi ligar um aparelho elétrico. Tomou um choque fatal. Deu uma parada cardiorrespiratória — explica o pai.
Uma equipe médica chegou a ser acionada até o hostel, mas Paula já estava sem vida quando o socorro chegou.