
À medida que cresce o entusiasmo com os avanços da tecnologia, cresce também a demanda por profissionais qualificados que saibam atuar com as ferramentas que surgem a cada dia. A inovação remodela o mercado de trabalho e traz novas possibilidades de carreira. Mas ainda faltam colaboradores que já trabalhem com este viés.
Para quem já atua com ESG, o caminho é de oportunidades. Cada vez mais baseadas em dados, as ações voltadas ao desenvolvimento ambiental, social e de governança valorizam quem consegue inserir a leitura inteligente das informações nas suas atividades, otimizando respostas e resultados.
Na avaliação de especialistas da área de recursos humanos, a chave é estar atento às novidades e se manter atualizado.
No Brasil, mapeamentos mostram que as empresas que atualmente mais contratam nos setores vinculados às tecnologias são as multinacionais e as startups, mas a tendência é de que o movimento alcance todos os demais pelos próximos anos. De saúde a finanças, a inteligência artificial passa a fazer parte do dia a dia de grande parte das corporações.
Ana Cecília Petersen, consultora do PUCRS Carreiras, diz que as empresas buscam profissionais que atuam de forma estratégica e ética com essas ferramentas:
— No último ano, visualizamos muito mais oportunidades vinculadas com IA. Há uma busca por profissionais, ao passo que há uma escassez, porque a urgência supera o tempo de formação dessas pessoas.
A boa notícia é que a IA abre oportunidade para quem pensa em fazer uma transição de carreira. É um mercado de possibilidades que exige muito pela velocidade das coisas, mas quem se preparar e souber surfar se tornará mais competitivo no mercado.
ANA CECÍLIA PETERSEN
Consultora do PUCRS Carreiras
"A velocidade de acesso está maior e a um custo cada vez menor"
Há 25 anos no mercado da tecnologia, o analista de sistemas e especialista em Inteligência Artificial Wagner Cambruzzi começou como desenvolvedor de softwares, virou empreendedor, montou a área de dados no Grupo Brivia e hoje é diretor de inteligência na empresa.
Com a experiência de quem acompanhou a evolução da própria tecnologia, diz que o momento é oportuno ao crescimento:
— Vi essa onda acontecendo quando surgiu a internet. Havia livros sobre programação e a internet não era liberada para o uso de todos. Hoje é muito mais fácil a entrada. Os cursos são mais acessíveis, até por muitos serem online. A velocidade de acesso às tecnologias está maior e a um custo cada vez menor.
Portas de entrada
Justamente por estar em transformação, o campo profissional ligado às novas tecnologias é bastante diverso e traz várias possibilidades de inserção.
Seja por meio de formações tradicionais, como a graduação em Ciência de Dados, seja pelas habilidades técnicas, como conhecimento em análise de dados, estatística e ferramentas específicas na área.
Cursos gratuitos que possibilitam o desenvolvimento de soft kills (habilidades comportamentais), adaptabilidade a novas tecnologias, criatividade e inovação também podem abrir portas.
— Os profissionais devem pensar nas habilidades que vão lhes ajudar a se qualificar no mercado. Há uma infinidade de cursos mais breves que podem ser feitos, dentro e fora do país — cita a diretora de Capacitação da ABRH-RS, Gabriela Zambrano Avila.
A nível de trabalho, quem ainda não está olhando deve olhar. Entender o que os grandes mercados estão falando, observar as tendências. Porque é um ciclo que será cada vez mais acelerado. O quanto antes entrar para o mercado, melhor. A saída será mais qualificada.
WAGNER CAMBRUZZI
Diretor de inteligência do Grupo Brivia
No que compete ao ESG, os especialistas observam que a infinidade de dados gerados garante avanço na forma de identificar melhores e piores práticas para além do dado bruto. Saber analisar esta informação, portanto, é um diferencial profissional.
— Temos coletado e gerado cada vez mais dados, a nível pessoal ou empresarial. Isso fica viável para todas as áreas. É a qualificação deste dado, o metadado, o que explica aquela informação. O cruzamento das informações traz um universo que é o grande avanço para os próximos anos — antecipa Cambruzzi.
Ainda no que se refere às boas práticas, Gabriela, diretora de capacitação da ABRH-RS, diz que aliar a gestão de pessoas a IA pode gerar bons resultados tanto para a formação de pessoas quanto para a empresa, ao aproximar perfis diversos às vagas disponíveis.
Como se qualificar
- Para começar, os especialistas indicam buscar aprender o básico. Ter curiosidade para explorar ferramentas, mesmo nas profissões tradicionais.
- Para ir além e adentrar no mercado, a dica é começar a entender programação, conhecer fundamentos de estatística e de machine learning (aprendizado de máquina).
- Participar de eventos que se conectem à temática, como os chamados hackathons, buscar comunidades ligadas a IA, como os grupos de Linkedin, e criar portfólios também são alternativas para saber o que o mercado está buscando.
- Entender como a IA pode impactar a sua área e tirar o melhor proveito das tecnologias, mesmo que não esteja buscando uma transição de carreira. Saber como funcionam as tecnologias pode potencializar o trabalho.
- Manter-se atualizado, já que as ferramentas evoluem rapidamente.
Como a IA pode potencializar o ESG por meio de RH nas empresas
A inteligência artificial pode ser aplicada nas três letras da sigla, desde a gestão dos recursos humanos ao monitoramento do impacto ambiental gerado pelos colaboradores.
- Na dimensão ambiental: a IA pode ajudar a otimizar o trabalho, reduzindo a geração de resíduos ou mesmo o uso de recursos naturais.
- No âmbito social: a IA pode melhorar a experiência dos profissionais. Desde o recrutamento, os vieses podem ser eliminados ou reduzidos para que pessoas diversas participem do processo seletivo.
- Da parte de governança: políticas de ética na gestão de pessoas podem ser potencializadas com ferramentas que monitoram condutas, interações entre os colaboradores dentro da LGPD, gerar relatórios, automação de políticas de compliance. Isso pode reduzir fraudes e dar mais transparência e comunicação na gestão de pessoas.