O incêndio na boate Pulse, na cidade de Kocani, na Macedônia do Norte, causado por artefatos pirotécnicos, espuma de isolamento inflamável e combustão tóxica na madrugada de domingo (16), trouxe à memória a tragédia da boate Kiss, no Rio Grande do Sul.
Em 2013, 242 pessoas morreram e mais de 600 ficaram feridas durante uma festa em Santa Maria, na Região Central. No país do sudeste europeu, a contagem de vítimas chegou a 59, segundo as autoridades locais. Na boate Pulse, 155 pessoas ficaram feridas.
Em comum entre os dois desastres, fatores como a origem do fogo e o perfil das vítimas, em sua maioria jovens.
As semelhanças
- Nos dois casos, as chamas se alastraram rapidamente pelo teto após faíscas de efeitos pirotécnicos disparados pelos integrantes da banda que se apresentava entrarem em contato com a estrutura.
- O teto era feito de material inflamável na boate europeia. Na Kiss, o interior do local era revestido com espuma, que ao ser queimada, liberou uma substância tóxica, conforme investigação.
- Na Macedônia, 15 pessoas foram presas, incluindo o gerente da boate e o filho do proprietário, disse o ministro do Interior, Hristijan Mickoski. No Rio Grande do Sul, dois sócios da boate e dois integrantes da banda foram condenados e estão presos
- Segundo o hospital da Macedônia, as vítimas tinham entre 14 e 24 anos. Em Santa Maria, os mortos eram em sua maioria universitários na faixa dos 20 anos.
Atualmente, onde funcionava a boate Kiss, há um memorial em Santa Maria. Doze anos após a tragédia, familiares das vítimas ainda fazem homenagens, lembrando a importância de evitar que o ocorrido se repita.
Lei Kiss
O incêndio da Kiss gerou debates sobre a fiscalização de medidas preventivas e de combate ao fogo em casas noturnas. Em 2013, a Assembleia Legislativa aprovou a Lei Kiss, com normas de prevenção e combate a incêndios para imóveis não residenciais. A lei define responsabilidades sobre a segurança contra incêndios, mas o regramento tem sido flexibilizado, com prazos de validade do alvará e de renovação de inspeções estendidos.
Antes do incêndio em Santa Maria, a legislação sobre incêndios no Estado datava do final dos anos 1990. A antiga norma não detalhava questões como compartimentação vertical e horizontal, controle de materiais de acabamento e revestimento, e controle de fumaça.
Com a Lei Kiss, edifícios passaram a ser classificados por risco de chamas, considerando área, altura, ocupação, lotação máxima e capacidade de controle de fumaça. Após cumprir as exigências, os imóveis recebem um alvará dos bombeiros.