Interditada desde maio do ano passado, por conta da enchente que atingiu o Rio Grande do Sul, a Estrada do Perau, alternativa entre Santa Maria e Itaara, ainda não tem prazo começar a recuperação. As obras estão orçadas em R$ 15 milhões.
O trecho, de aproximadamente quatro quilômetros, encurta em cerca de 30% o trajeto entre as duas cidades da Região Central
Segundo a prefeitura de Santa Maria, os danos foram severos e todos prejudicaram o trecho que pertence ao município. Segundo a administração, ainda não há verba suficiente para realizar toda a obra.
A conclusão das necessidades da estrada municipal, oficialmente denominada como Engenheiro Baldur Welzel Loebler, vem de um estudo feito pela prefeitura de Santa Maria. O principal risco é da chamada movimentação de massa, o que pode ocasionar deslizamentos na estrada e no entorno.
O relatório, enviado à Defesa Civil nacional ainda na metade de 2024, indica a necessidade de reforçar estruturas para estabilização do solo, encostas e taludes, e também instalar telas em diferentes pontos: partes com muro de gabião (uma espécie de gaiola com pedras) e revestimento cortical (uma cortina de tela que cobre as encostas rochosas).
Tão logo o relatório foi remetido ao órgão, foram liberados de R$ 6,89 milhões para a obra. A prefeitura fez novos estudos e, em dezembro, remeteu outro documento solicitando o restante dos valores. A expectativa é de que a licitação para a escolha da empresa responsável pela execução dos serviços seja aberta assim que o restante do valor seja liberado.
Enquanto esperam a resolução, moradores do entorno vivem sob risco ao chegar e sair de suas casas. Alguns disseram que não vale a pena fazer a volta pela rodovia, posto que o trabalho fica a minutos de distância pelo Perau. Imagens que circulam em redes sociais mostram motoristas e motociclistas utilizando a estrada, desviando de pedras – colocadas para interditar o trecho – e de buracos e deslizamentos.
Conforme o prefeito em exercício de Itaara, Zenir dos Santos Oliveira, a falta da estrada impacta diretamente na vida dos moradores:
— O acesso é muito usado por quem mora aqui e trabalha em Santa Maria. Empresários daqui também sofrem bastante com isso, querem uma solução. Nosso maior medo é que haja algum bloqueio pela BR-158, porque aí nosso único acesso passa a ser por São Martinho da Serra e aumenta 30 quilômetros.
Além do uso diário, o Perau também é usado como rota turística. Com diversos mirantes que permitem enxergar as duas cidades, é um caminho pavimentado com paralelepípedo, com calçadas e bastante arborizado. A vinícola Velho Amâncio – localizada no trecho de Itaara – enfrenta redução no número de clientes, segundo a enóloga e administradora, Aline Fogaça.
— Muitos clientes gostam de vir à vinícola e depois passar pela estrada do Perau. Além disso, a vinícola localiza-se em Itaara, mas ficamos isolados, para termos acesso a cidade de Itaara precisamos dar uma volta de 23 km — Afirma Aline, que diz não poder precisar o prejuízo causado pelo bloqueio, visto que todo o setor de turismo foi afetado pela chuva de maio.
A Prefeitura de Santa Maria afirma que, pela gravidade da situação da estrada, realizar obras paliativas não será eficaz para liberar o trecho sem riscos. Próximo da estrada cruza um afluente do Rio Vacacaí-Mirim e, em outubro do ano passado, foi registrado um novo deslizamento. A prefeitura reforça que o uso do trecho interditado traz como consequências o risco para quem cruza pelo local, sejam motoristas ou motociclistas.
Zero Hora aguarda a manifestação da Defesa Civil nacional sobre a liberação da verba para a obra.