Uma das principais estradas da malha rodoviária gaúcha, a BR-116 também sofreu estragos durante a enchente que devastou o Rio Grande do Sul em maio passado. Os trechos mais atingidos da rodovia foram os localizados na Serra, região de morros e encostas suscetíveis a deslizamentos. Com obras de recuperação em andamento, o Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes (Dnit) projeta normalizar até o final do ano o fluxo em dois trechos da rodovia que ainda têm bloqueios parciais.
Os dois pontos ficam justamente na Serra e arredores. Um está localizado no km 190, ao norte de Picada Café, e o outro no km 181, em Nova Petrópolis.
— As rodovias na Serra foram muito impactadas pelo evento de 2024, justamente pelos deslizamentos que ocorreram em razão da chuva. Por isso, os trechos da BR-116 que mais sofreram foram os daquela região — destaca o superintendente do Dnit no Rio Grande do Sul, Hiratan Pinheiro.
Conforme destacado por Pinheiro, o Dnit empenhou cerca de R$ 360 milhões para as obras de recuperação dos trechos citados na BR-116, com contratos assinados para a restauração dessas parcelas da rodovia. O repasse dos recursos ocorre de acordo com o andamento dos trabalhos, que já têm partes concluídas.
— Estamos trabalhando para que em 2025 consigamos não ter mais nenhum tipo de bloqueio na rodovia, e para que seja concluído ao longo deste ano, no máximo 2026, a recuperação dos trechos impactados pelo evento de 2024, mas com serviços que não irão interferir com bloqueios contínuos na via — complementa o superintendente.
A recuperação de um dos pontos mais críticos da rodovia após a enchente de maio passado foi concluída em dezembro. No dia 21 daquele mês, o governo federal inaugurou a nova ponte sobre o Rio Caí, entre Caxias do Sul e Nova Petrópolis. Foram 198 dias de trabalhos até a entrega da nova estrutura, com investimento de R$ 31 milhões.
Duplicação
A duplicação da BR-116 segue em andamento. Segundo Hiratan Pinheiro, os principais trechos de obras se localizam entre Camaquã e Pelotas, mas, segundo o superintendente do Dnit no Estado, ainda não é possível fazer uma previsão em relação ao ritmo do trabalho neste ano.
— A gente está dependente da lei orçamentária de 2025, que ainda não foi aprovada. A gente depende desta lei para saber quanto ingressará de recurso para saber como será o andamento dos trabalhos — afirma.
Como mostrou o colunista de GZH Jocimar Farina, ainda seguem pendentes 43 quilômetros de duplicação da rodovia entre Guaíba e Pelotas. Em dezembro, foi liberado um trecho de seis quilômetros em Guaíba.
Na região metropolitana de Porto Alegre, as novas pontes sobre o Rio dos Sinos, em São Leopoldo, foram inauguradas em setembro, ajudando a desafogar o trânsito no local. Em agosto, foi inaugurado também o complexo viário no entroncamento da BR-116 com a RS-240.
A BR-116 passa ainda por uma série de intervenções entre Porto Alegre e Novo Hamburgo. A expectativa é que todos os trabalhos previstos, incluindo viadutos em Esteio e ampliação de faixas da Capital ao Vale do Sinos, sejam concluídos até 2026.
Malha estadual
Segundo o governo estadual, a enchente afetou 13,7 mil quilômetros de estradas gaúchas, sendo 5.288 quilômetros em rodovias federais e outros 8.434 quilômetros em trechos estaduais. Tanto Piratini quanto Planalto projetam prazo de até dois anos para a recuperação total da malha rodoviária.
De acordo com monitoramento realizado por Polícia Rodoviária Federal (PRF), Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes (Dnit), Comando Rodoviário da Brigada Militar (CRBM) e Departamento Autônomo de Estradas de Rodagem (Daer), há ainda 41 pontos de bloqueio nas rodovias gaúchas, sendo nove de interrupção total do fluxo, todos em rodovias estaduais, e 32 bloqueios parciais, em estradas federais e estaduais.
Para realizar a recuperação completa das estradas federais gaúchas, o governo federal projetou investir inicialmente pelo menos R$ 1,185 bilhão, recurso regulado pela Medida Provisória nº 1.218/24, publicada em 11 de maio. Deste montante, até o momento, foram gastos R$ 246,3 milhões, com R$ 1,1 bilhão já empenhado, como mostra o Painel da Reconstrução, ferramenta desenvolvida pelo Grupo RBS para acompanhar a destinação de recursos para a reconstrução do RS.
O governo estadual apresentou um plano de ação para recuperar 11 rodovias e seis pontes estaduais, divididas em 15 lotes, com investimento de R$ 1,2 bilhão. Os recursos para as obras serão do Funrigs, fundo estabelecido após o governo federal suspender o pagamento da dívida do Estado com a União em razão da enchente.