Devem ficar prontos na próxima semana os primeiros resultados de exames periciais para descobrir o que causou a morte de três pessoas que comeram um bolo em Torres, no Litoral Norte. A informação foi repassada pela chefe da divisão de Química Forense do Instituto-Geral de Perícias (IGP), Lara Regina Soccol Gris, durante entrevista à Rádio Gaúcha nesta quarta-feira (25).
Segundo a perita, uma série de exames estão sendo realizados para esclarecer se houve intoxicação alimentar nesse episódio, que levou à morte de três pessoas. Outras duas pessoas seguem hospitalizadas no Hospital Nossa Senhora dos Navegantes, em Torres.
— Nós podemos ter talvez resultados preliminares na semana que vem. Nós vamos pesquisar mais de 200, 300 substâncias que podem ter ligação com o caso, então pode levar um pouco mais de tempo. Podemos também não encontrar uma substância de um caráter de veneno, de medicamento. Pode realmente ser uma questão microbiológica. Então, nós temos que trabalhar tecnicamente para dar uma informação precisa para a família e também para a sociedade gaúcha — afirmou a perita Lara.
Conforme a perita, os testes seguirão um protocolo usado pelo IGP em casos mais complexos e que envolvem mortes. Eles devem indicar, entre outras coisas, quais substâncias podem ter causado o quadro de saúde na família.
Para isso, a perícia vai analisar os vestígios de alimentos que estavam guardados na casa da mulher que fez a sobremesa, em Arroio do Sal, também no Litoral Norte, assim como o próprio bolo. Outras substâncias encontradas na residência, assim como materiais biológicos coletados das vítimas, como sangue, urina e amostras do conteúdo estomacal, passarão por análise.
— Também queremos entender os sintomas que as vítimas apresentaram para guiar as nossas pesquisas para classes específicas de substâncias que poderiam ter provocado essa reação. Então, é um trabalho multidisciplinar do IGP com os órgãos que estão trabalhando no caso — afirmou.
Alimentos e vestígios coletados nas residências envolvidas no caso, assim como pedaço da sobremesa, devem chegar no laboratório do IGP na quinta-feira (26), segundo previsão da perita.
Investigação
A perita ainda ressaltou que não é comum que casos de intoxicação alimentar evoluam para um quadro de morte tão rapidamente e que envolvam tantas pessoas como aconteceu durante a confraternização familiar na segunda-feira (23).
— Normalmente essas situações envolvendo uma morte aguda, podemos assim dizer, está mais relacionada a agente químico, mas não podemos descartar o relato de alimentos fora da data de validade. Existem alguns patógenos que podem produzir toxinas bastante nocivas nesse sentido — complementou a perita.
O mistério deve ser desvendado após a conclusão de todos os laudos periciais, assim como da investigação da Polícia Civil, que não descarta um possível envenenamento.