Uma amiga de uma das três pessoas que morreram após comer um bolo em Torres, no Litoral Norte, afirmou à RBS TV que foi surpreendida com os falecimentos. Segundo a comerciante Denise Teixeira Gomes, não havia desavenças entre os parentes e o preparo do alimento era um hábito da família nas festividades de fim de ano.
— Era um bolo de tradição da família, um bolo de reis, que elas faziam sempre, sempre, sempre — diz.
As duas primeiras vítimas foram identificadas como Maida Berenice Flores da Silva, 58 anos, e Tatiana Denize Silva dos Santos, de 43 anos. Elas são tia e sobrinha, de acordo com a Polícia Civil.
Uma terceira mulher morreu no hospital na noite de terça-feira. Ela é Neuza Denize Silva dos Anjos, 65 anos, mãe de Tatiana e irmã de Maida.
As três vítimas morreram com intervalo de algumas horas. As duas primeiras tiveram parada cardiorrespiratória, segundo o Hospital Nossa Senhora dos Navegantes de Torres. A terceira teve como causa da morte divulgada "choque pós intoxicação alimentar".
Outras três pessoas da mesma família procuraram atendimento médico e uma já recebeu alta. A mulher que preparou o bolo e uma criança de 10 anos seguem hospitalizadas. Os dois consumiram o alimento.
"O Hospital Nossa Senhora dos Navegantes informa que os dois pacientes internados estão sob os cuidados da equipe da UTI e apresentam franca melhora em seu estado clínico", diz boletim médico divulgado nesta quarta-feira (25).
Investigação
De acordo com a Polícia Civil, sete pessoas da mesma família estavam reunidas em uma casa, durante um café da tarde, quando começaram a passar mal. Apenas uma delas não teria comido o bolo. A mulher que preparou o alimento, em Arroio do Sal e levou para Torres, também foi hospitalizada.
A investigação encaminhou os corpos para necropsia no Instituto-Geral de Perícias (IGP), órgão responsável por atestar a causa da morte. Os alimentos consumidos pela família foram recolhidos e também vão passar por perícia.
— Nós temos informações, inclusive, que tinha uma maionese lá que estava vencida há um ano. Havia, de fato, produtos vencidos na residência. Foi encontrado um frasco, um remédio, que não é tarja preta, que dentro dele deveria haver cápsulas e não havia cápsulas. Havia um líquido branco. E esse líquido branco será periciado também — explicou o delegado Marcos Vinícius Velho.
Conforme o delegado, o marido da mulher que fez o bolo morreu em setembro por intoxicação alimentar. A morte não foi investigada pela polícia, por ter sido considerada natural. Agora, a polícia instaurou inquérito sobre o caso e pediu exumação do corpo.