Prometida para ser entregue até o Natal, a ponte sobre o Rio Forqueta —que une Lajeado a Arroio do Meio pela RS-130, no Vale do Taquari —, teve prazo adiado até o final de março de 2025. Insatisfeitos, dezenas de moradores da região realizaram um protesto na tarde deste sábado (14) para cobrar agilidade ao governo do Estado.
A ausência da estrutura antiga, levada pela cheia histórica de maio, obriga os motoristas a adaptarem a rota por alternativas mais longas e com problemas estruturais.
Com faixas direcionadas ao governador Eduardo Leite e ao secretário de Logística e Transportes, Juvir Costella, a população cobra por um cronograma da obra, alertando que o Estado ampliou em 50% (três meses) o prazo de entrega da ponte. Um dos organizadores do protesto é o empresário e dentista Estevam Kerbes, que chamou atenção para os transtornos que a falta da ponte causa na região.
— Filas e mais filas, atrasos e mais atrasos, e lembrando que temos pessoas ficando doentes com tudo isto. Pessoas que não conseguem chegar ao hospital de Lajeado, que é o polo regional — relata.
Rejane Kerbes participa da mobilização com o filho e descreve o isolamento de Arroio do Meio e da chamada região alta do Vale do Taquari sem a ponte.
— Estamos com um movimento para sermos vistos e ouvidos. Para nossa indignação, nos foi informado que não estaria concluída na data. Cumpre salientar que nem nesta data estará concluída, por que há um número ínfimo de pessoas lá trabalhando. O povo cansado de ter que enfrentar filas imensas junto a uma ponte de ferro erguida pela iniciativa privada e uma ponte do Exército para caminhões. Nós estamos sendo prejudicados desde o evento climático, perdemos nosso tempo, destruímos nossos carros, tudo onera mais para chegar e ir, sem contar com o desgaste psicológico. O povo quer respostas, o povo quer soluções — desabafa.
Promessa não cumprida
Em 5 de junho, o governo do Estado assinou a ordem de início para construção da nova ponte sobre o Rio Forqueta, com a promessa de conclusão em seis meses. Com custo orçado em R$ 14 milhões, a nova ponte terá 172 metros de extensão, com duas pistas no pavimento principal e elevação da altura da estrutura para proteger em caso de novas cheias.
Em mais de uma oportunidade, o secretário Costella garantiu à população que a obra seria entregue até o Natal. Em 23 de agosto, durante evento na Univates com prefeitos e lideranças da região, o secretário bradou:
— Eu reafirmo aqui: a empresa tem um contrato de seis meses com o governo do Estado e ele vai ser cumprido. A gente precisa contar com a ajuda do tempo, mas a obra já está acontecendo e dentro do prazo.
Contudo, após vistoria em 28 de novembro, realizada por Costella e também pelo diretor-presidente da Empresa Gaúcha de Rodovias (EGR), Luís Fernando Vanacôr, o prazo foi estendido até 29 de março de 2025 — em caso de descumprimento, há previsão de multa à empreiteira responsável pela obra.
Entre as justificativas estão os períodos de chuva nos meses iniciais do serviço e readequações do projeto executivo que foram realizadas ao longo dos trabalhos, como a extensão em 22 metros da estrutura e a redução na quantidade de pilares.
— Sabemos da importância da obra para a região, tanto para a logística quanto para o dia a dia das pessoas. Estamos trabalhando arduamente para que essa ponte seja concluída. Mas é importante lembrar que enfrentamos neste ano uma tragédia nunca antes vista em nossa história. Mesmo assim, seguimos enfrentando os desafios e atuando intensamente em busca dos resultados que a sociedade espera — afirmou Costella, no final de novembro.
Em andamento, o aterro dos acessos
Atualmente, a obra realizada pela construtora Engepal está na etapa de aterro dos acessos. O nivelamento é necessário para adequar a rodovia em terra em ambos os lados à altura mais elevada da nova ponte. O custo dessa operação é de R$ 8,3 milhões, adicionais ao orçamento da ponte.
Sem informar as etapas restantes, o governo estadual informou as fases já realizadas desde a assinatura da ordem de início, em junho:
- Início dos levantamentos topográficos e hidrológicos.
- Sondagens de solo (concluído em 14 de agosto).
- Montagem do parque fabril e do canteiro de obras (concluído em 30 de agosto).
- Produção das vigas e peças pré-moldadas, em 6 de setembro.
- Início das fundações (blocos colocados em 21 de novembro) e estacas cravadas (concluído em 25 de outubro).
- Início da concretagem das vigas, em 14 de novembro.
- Início do aterro de acesso, em 27 de novembro.
— Infelizmente, o andamento da obra foi prejudicado por diversos fatores. A empresa contratada, juntamente com a EGR, buscou alternativas para minimizar o impacto destes fatores na obra, não obtendo êxito suficiente. Para a garantia de uma obra de qualidade, alguns prazos tiveram que ser ajustados. Mas, certamente, estaremos entregando uma estrutura robustecida que vai atender de forma mais eficiente a demanda do Vale do Taquari — enfatizou Vanacôr.