Estabelecidos em 2015 pela Organização das Nações Unidas (ONU), os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS) são um conjunto de 17 objetivos e 169 metas para atingir resultados para uma vida humana mais resiliente. Um dos pontos dentro dos ODS — Indústria, Inovação e Infraestrutura — visa promover a industrialização inclusiva e sustentável, e fomentar a inovação.
É esse alinhamento da inovação com a produção sustentável um dos eixos prioritários de atuação, observa o diretor da Federação das Indústrias do Estado do Rio Grande do Sul (Fiergs) e coordenador do Conselho de Meio Ambiente (Codema) da entidade, Guilherme Portella. É que, segundo ele, cada vez mais o consumidor busca entender a história do produto que está adquirindo e quais são os impactos decorrentes daquela produção e a responsabilidade socioambiental que a indústria tem.
— As práticas de ESG estão postas no sentido das organizações avaliarem o seu desempenho não só pelo retorno financeiro, mas também, obviamente, por aquilo que podem devolver para a sociedade em termos de impacto ambiental e também daquilo que elas podem contribuir no lado social, com capitalização da destinação de recursos e ampliação das economias regionais para que se tenham sociedades mais equilibradas, inclusive do ponto de vista econômico — explica Portella.
A enchente registrada no Rio Grande do Sul em maio deste ano alertou para a necessidade de a indústria se preparar, a curto prazo, e ter planos de resiliência climática, destaca o diretor:
— Qualquer oportunidade que se tenha de desenvolvimento, de ampliação de produção, necessariamente isso tem de estar atrelado a uma visão para o Estado, de resiliência, mas também de minimização de impactos ambientais.
A Gerdau, ao alinhar inovação às práticas ESG, trabalha em seus processos para a redução de emissões de gases de efeito estufa (GEE). De acordo com o diretor global de TI e digital da Gerdau, Gustavo França, na etapa de mensuração das emissões e acompanhamento das metas da companhia, por exemplo, busca-se uma maior rastreabilidade dos dados e automação das coletas dos precursores:
— A inovação também está presente nas práticas da indústria 4.0, que permitem a evolução nos processos de eficiência energética e operacional, visando a melhor performance em emissões dos nossos ativos atuais.
Neutralidade até 2050
A ambição da Gerdau, conforme França, é alcançar a neutralidade de carbono até 2050, o que se mostra como um desafio já que, segundo o diretor, “são necessárias tecnologias disruptivas na produção de aço, que ainda não são economicamente e operacionalmente viáveis em escala industrial”.
— Continuamos estudando e colaborando com parceiros e entidades do setor em busca de soluções de baixo carbono. Políticas públicas e medidas voltadas para a redução das emissões de GEE nos processos industriais também serão essenciais para alcançar esse objetivo.
Como exemplo de desenvolvimento de tecnologia disruptiva para 2050, França cita um projeto nos Estados Unidos voltado para a pesquisa de uso de hidrogênio em escala industrial na produção do aço:
— A iniciativa em pesquisa recebeu o investimento de US$ 10 milhões, o maior valor já destinado pelo governo norte-americano como incentivo a estudos de descarbonização, e visa trazer mais conhecimento sobre o uso do hidrogênio em escalas piloto e industrial — frisa.
A Gerdau possui também outros projetos dentro da prática ESG, como de economia circular, reaproveitamento de resíduos de sucata, utilização de biomassa de eucalipto e casca de serragem para reduzir o consumo do carvão mineral, geração de energia renovável e, há um ano, inaugurou investimentos para a modernização e reforma da aciaria da unidade de aços longos Riograndense, em Sapucaia do Sul (RS), como parte de um novo ciclo de crescimento sustentável da companhia.
E, após a cheia de maio no RS, a companhia, além de aplicar cerca de R$ 25,6 milhões em ações para a reconstrução do Estado, também transformou veículos, equipamentos e máquinas danificados pela enchente em aço, comprando itens que seriam destinados ao lixo.