
Com a passagem da chuva e 1,2 mil pessoas fora de casa, Santa Maria tem diferentes iniciativas focadas em suprir demandas da população atingida pela chuva dos últimos dias. As principais ações são capitaneadas pela Defesa Civil, e focadas na arrecadação de agasalhos, alimentos não perecíveis e produtos de higiene e limpeza.
Há também aqueles que buscam suprir outras questões, como na produção de sanduíches, no resgate e nos cuidados de animais, além da arrecadação de materiais diversos e da busca de retomada de uma rotina para as famílias.
Em uma tentativa de levar acolhimento e nutrição para as famílias, as jovens Júlia Menezes Dias e Ana Paula Machado estão produzindo lanches. Na última quarta-feira, elas doaram 200 lanches entre sanduíches, bolos, pastéis e achocolatado para crianças e adultos. As duas usam o carro da mãe de Júlia para levar a produção até o local. Nessa sexta, a expectativa é levar os sanduíches para o bairro Km3, um dos mais atingidos na cidade.

Já a esteticista Tylara Löfgren conta que, depois de passar dias sem dormir por não saber o que fazer, recebeu o alerta de queda de temperatura, no início da semana, e decidiu arrecadar mantas de microfibra. A escolha, segundo ela, foi por terem baixo custo e serem quentes. A campanha começou pelo Instagram e em 24 horas tinha arrecadado R$ 5 mil, o suficiente para comprar 140 mantinhas. Elas serão entregues para moradores da Vila Resistência e, também, irá ajudar animais de ongs e entidades de proteção animal.
A dona da marca Fio o Fó, Maria Eva Rizzatti, resolveu doar sua produção - lingeries e calcinhas para a população trans – às mulheres trans que foram atingidas pela tragédia. E a doação não é somente para Santa Maria, mas também para Porto Alegre. Maria busca, agora, um transporte para que os donativos cheguem na Capital Gaúcha.
A dupla sertaneja originada em Santa Maria Sandro e Cícero fez lives, pelo Instagram, com uma apresentação solidária onde incentivavam a doação de valores por pix. As duas lives reuniram outros artistas como Neto Fagundes, Thomas Machado, Leo Pain e Matheus Severo. O valor arrecadado foi destinado para algumas iniciativas - não só de Santa Maria, mas outras cidades como São Sepé e Candelária. Por eles, o valor foi usado na compra de donativos como toalhas, meias, alimentos produtos de higiene.

E o Dj Juliano Paim usou a van da sua empresa de som e luz, a Plug In Entretenimento, para recolher e destinar grandes donativos, como colchões e móveis. Entraram na ação, o Mercadão dos Móveis, que doou itens, e o Cadoz Boulevard, que está sediando um ponto para centralizar e redistribuir as doações. Com a van, móveis foram entregues para moradores das vilas Urlândia, Santa Marta, Passo das Tropas e Cerrito. Conforme Juliano, a ideia é manter a ação periodicamente, mesmo após a situação emergencial passar.
Instituições também encabeçam projetos
Institucionalmente, também acontecem inúmeras ações. Só a Universidade Federal de Santa Maria capitaneia várias: um dos pavilhões do Parque Tecnológico foi transformado em um abrigo para animais, com caminhas, ração, água, brinquedos e cuidados veterinários.
A iniciativa partiu de uma aluna do curso de Medicina Veterinária, que acionou uma professora para destinar o espaço para o acolhimento dos cães e gatos, e outros colegas se voluntariaram a ajudar.
Em outra ação, a UFSM distribui água potável para quem tiver recipientes, como garrafas pet, e também fornece banho quente em suas instalações. Ainda, em parceria com a Unisc, recolhe e distribui rádios e pilhas para levar informação a quem está com dificuldades. A instituição ainda tem iniciativas para produção de queijo, marmitas e arrecadação de donativos, entre outras.

Na Universidade Franciscana, professores e alunos do curso de Design de Moda se juntaram para fazer roupas íntimas. A confecção conta também com costureiras voluntárias, que recebem as peças cortadas e montam as calcinhas, cuecas e sutiãs. Conforme a professora Rubiana Sandri, coordenadora do curso, moda tem relação direta com contexto. E, hoje, o grupo se coloca nessa posição, pra ajudar. A ideia também partiu de uma aluna, que sentiu que poderia ser mais útil produzindo algo com o conhecimento adquirido no curso.
Igrejas da cidade se tornaram abrigos ou centros de distribuição de donativos. E grupos de escoteiros também realizaram ações de arrecadação e organização dos donativos.
Os grupos Socepe e Tupanciguara, com sedes em Santa Maria e Itaara, se juntaram para montar e destinar kits de higiene e limpeza. Para médio e longo prazo, o Sinduscon já está em campanha, arrecadando verba e materiais para reconstruir, em locais autorizados pela Defesa Civil, parte ou totalmente as casas danificadas pela chuva.