A história das duas gaúchas que se abrigam em uma unidade da rede de fast food McDonald's no bairro do Leblon, no Rio de Janeiro, segue repercutindo nacionalmente. O caso ficou conhecido a partir das matérias da CBN do Rio, escritas pelo repórter Pedro Bohnenberger, que por vários dias acompanhou a rotina das duas. A reportagem da CBN apurou que elas são mãe e filha e se chamam Suzane Paula Muratori Geremia, 64 anos, e Bruna Muratori Geremia, 31. Ambas seriam de Porto Alegre.
Nesta segunda-feira (29) Bohnenberger falou ao programa Timeline, da Rádio Gaúcha, sobre a apuração do caso e afirmou que elas seguem se abrigando no restaurante:
— A rotina se repete todos os dias. Continuam hoje lá, inclusive, ainda.
De acordo com o repórter da CBN Rio, que acompanhou a situação das duas por cerca de 20 dias, elas dormem às vezes dentro da loja, na mesa que costumam ocupar, e às vezes sentadas na calçada — quando a loja está fechada —, mas se revezando para tomar conta das malas que carregam. O restaurante funciona durante a madrugada, fechando às 5h e reabrindo às 10h. Esta situação se estenderia já há três meses.
— Aqui no RJ, a gente conseguiu apurar que elas já passaram por vários hotéis onde deram calote. Passaram pela rodoviária do Rio, onde ficaram por alguns meses, pelo Galeão, aeroporto internacional aqui do Rio de Janeiro — conta o jornalista.
Bohnenberger ouviu relatos e encontrou ações judiciais que indicam que elas foram despejadas de imóveis alugados, além de deixarem dívidas em hotéis:
— Tudo leva a crer que elas chegaram neste lugar (o McDonald's) depois destes vários despejos que elas passaram.
Embora abrigadas no restaurante, elas têm dinheiro. Fazem refeições no próprio McDonald's e em estabelecimentos próximos, e pagam pelos alimentos. As duas têm celulares, carregam ao menos cinco malas e vestem roupas limpas.
— Segundo Suzane, o marido dela está fora do Brasil e manda uma quantia mensal para que elas se mantenham — conta Bohnenberger.
As mulheres recusaram pedidos de entrevistas, mas em conversa com o repórter da CBN, Suzane teria dito que elas estão provisoriamente no restaurante, enquanto buscam por um apartamento para alugar no Leblon. No entanto, ela teria afirmado que pretende gastar até R$ 1,2 mil por mês. Bohnenberger destaca, porém, que o bairro na zona sul do Rio tem o metro quadrado mais caro do país e, portanto, não existem imóveis por este valor disponíveis.
— Elas não aceitam ajuda de ninguém, nem de moradores, nem de empresários, nem da polícia. Eu mesmo mandei a assistência social da prefeitura lá algumas vezes e elas sempre recusam a ajuda. Por vezes são até agressivas com as pessoas que querem ajudá-las — relatou o repórter.