Desabrigado desde o fim de semana passado, quando a água do Rio dos Sinos invadiu sua casa, em Sapucaia do Sul, o pequeno Artur Rafael Flores da Silva Balz, nove anos, já havia se conformado com a ideia de não ter festa de aniversário neste ano.
Alojado com a família na Associação de Moradores do Bairro Carioca, ele comentou sobre o assunto com os agentes da Guarda Municipal, que se organizaram para oferecer um dia de festa ao menino na tarde de quinta-feira (23), em meio a todos os transtornos provocados pelas cheias.
— Ele adorou a festa, ainda mais que foi tudo do Inter, que ele é fanático. Eu também fui surpreendido. Ele ganhou até uma camiseta do Consulado do Inter — comenta Emerson Silva Balz, 28 anos, pai de Artur.
Os familiares de Artur vendaram seus olhos e o levaram até a associação, onde havia três bolos aguardando pelo aniversariante. Além da família e amigos, também participaram os agentes da Guarda e da Defesa Civil Municipal.
O pai do menino, que trabalha como pedreiro e viveu a vida toda no bairro Carioca, conta que as cheias no local são constantes. Segundo ele, a saída de casa para se abrigar na associação já é uma rotina para a família.
— Quando a água sobe, a gente tem que tirar o que dá e ir para a sede. A prefeitura ajuda conforme dá. Todo mundo se ajuda, é uma situação que não é fácil — conta Emerson.
Na tarde desta sexta-feira (24), as águas começaram a baixar e a família trabalha na limpeza da casa. Artur, que está no terceiro ano do Ensino Fundamental, ainda não pôde retornar às aulas. O pai conta que os cadernos e demais materiais escolares foram todos perdidos com a enchente.
Desde a tarde de quinta-feira (23) até a manhã desta sexta, o número de pessoas fora de casa em Sapucaia do Sul caiu de 358 para 230. Deste total, 140 estão desalojados, em casas de parentes ou familiares, e outros 90 estão em abrigos municipais.