Em Pelotas, mais de 70 pessoas seguem fora de casa e regiões do município continuam ilhadas em função dos temporais de setembro. De acordo com a Defesa Civil, somente no mês passado, foram 451,8 milímetros de chuva - o esperado para o período era de 120 milímetros. Além da precipitação, o aumento do volume das águas do canal São Gonçalo e da Lagoa dos Patos foi outro fator que agravou a condição de vida das comunidades ribeirinhas.
As áreas mais afetadas do município foram o Pontal da Barra, nas proximidades da Praia do Laranjal, e a Colônia de Pescadores Z3. Mais de 500 pessoas tiveram de sair de suas casas simultaneamente por causa do avanço da água no período mais crítico de inundação. Algumas famílias foram para abrigos públicos e outras buscaram ajuda na casa de familiares e amigos.
Nesta semana, a Secretaria de Desenvolvimento Rural de Pelotas realizou uma ação e retirou o excesso de areia e lixo que ficou debaixo da ponte da entrada da Z3 dificultando o escoamento de água. Além disso, a expectativa é que com o vento e o tempo seco a água da Lagoa dos Patos deve baixar e, consequentemente, parte dos moradores possam voltar para casa nos próximos dias.
Pontal da Barra
De acordo com o Secretário de Assistência Social de Pelotas, Tiago Bündchen, cerca de 60 famílias moram na localidade do Pontal da Barra em Pelotas, que com o avanço da Lagoa dos Patos ficou totalmente ilhada. Mais de 150 pessoas não conseguem sair da região sem o auxílio de barcos, assim como as autoridades, que também necessitam dessas estruturas para chegar até à comunidade.
— Nos primeiros dias tentamos utilizar veículos tracionados e grandes caminhões para chegar até os moradores, porém não conseguimos. A alternativa passou a ser utilizar barcos dos moradores e posteriormente da Patram (Patrulha Ambiental da Brigada Militar) para chegar até essas pessoas — relata Bündchen.
Na mesma região, o abastecimento de água potável foi danificado. A tubulação do Serviço Autônomo de Saneamento de Pelotas (Sanep) foi destruída com a força da água. Nesta semana, o Sanep conseguiu restabelecer o abastecimento do local de forma emergencial, mas novas manutenções ainda devem ser realizadas.
As estradas também foram danificadas, mas de acordo com a pasta, é necessário aguardar a água baixar para dar seguimento aos reparos.
Colônia Z3 e abrigos
Na manhã desta quinta-feira (12), a Secretaria de Assistência Social tinha contabilizado que 75 pessoas seguiam acolhidas nos abrigos municipais. O gestor da pasta afirma que algumas pessoas estão desde o dia 7 de setembro fora de casa. A maioria são moradores da Colônia de Pescadores Z3.
No período em que a água estava mais elevada, os abrigos de Pelotas acolheram aproximadamente 155 pessoas.
— Essas pessoas estão fora de suas casas há mais de um mês. Desde o dia 7 de setembro, a situação começou a ficar grave em Pelotas. Aos poucos, elas estão voltando para casa, mas isso depende das condições climáticas e do avanço da água. Quando elas voltam, nós entregamos os materiais de limpeza e damos suporte no transporte — frisa o secretário.
A Secretaria de Assistência Social afirmou que, neste momento, não são necessárias doações de roupas. Entretanto, cobertores, alimentos, água potável e materiais de higiene ainda são uma demanda daqueles que estão desabrigados e ilhados.