A prefeitura de Muçum, no Vale do Taquari, divulgou nesta segunda-feira (25) um levantamento dos prejuízos provocados pela enchente. O impacto econômico foi estimado em R$ 231 milhões — número cerca de seis vezes maior do que o orçamento do município de quase cinco mil habitantes.
— É um número muito impactante. Para vocês terem uma ideia, o orçamento do município para 2023 está em R$ 35 milhões. Imaginem quantos orçamentos a gente precisaria para compensar tudo o que tivemos de prejuízo — afirmou o prefeito de Muçum, Mateus Giovanoni Trojan.
A destruição de dezenas de residências soma um prejuízo de aproximadamente R$ 84 milhões. O setor econômico — representado pelas empresas e pelo comércio em geral — acumula perdas ainda maiores: R$ 89 milhões. Já o impacto sofrido pelo setor primário — que inclui produção, estruturas, maquinários destinados à agropecuária — chega a R$ 11 milhões.
De acordo com a prefeitura, os danos a estruturas e espaços públicos alcançaram a marca de R$ 28 milhões. Também foram incluídos no relatório apresentado os estragos provocados por um temporal de granizo em 23 de agosto, 12 dias antes da inundação. Na ocasião, o município já havia sofrido perdas de R$ 19 milhões.
Desafios pela frente
Os números foram divulgados durante a apresentação do movimento Recupera Muçum, capitaneado pela prefeitura. Entre os desafios imediatos elencados pelo município, destaca-se a volta às aulas. No entendimento do prefeito, este, talvez, seja o maior desafio do momento.
— Temos cinco escolas municipais e uma estadual. Das cinco municipais, três foram atingidas pelas cheias: duas perderam absolutamente tudo o que tinham dentro e a outra teve a condenação do prédio. As outras duas que não foram atingidas pela enchente acabaram sendo severamente danificadas pelo temporal de granizo — relatou Trojan.
Até o momento, a prefeitura de Muçum informa ter recebido R$ 2,8 milhões, sendo R$ 1 milhão para ações de resposta humanitária, R$ 46 mil em cestas básicas para atingidos por temporal de granizo e R$ 705 mil para restabelecimento dos telhados, R$ 217 mil destinados à limpeza urbana devido à inundação, R$ 312 mil para atendimentos de assistência social, R$ 350 mil para custeio da saúde municipal e mais R$ 150 mil para custeio do hospital.
Recupera Muçum
Nesta segunda, eram contabilizadas 119 residências inabitáveis na área urbana de Muçum devido ao evento climático extremo. A prefeitura prevê a reconstrução emergencial das moradias em um espaço público que já está loteado. Em outra área, casas provisórias, numa quantidade menor, deverão ser construídas em parceria com o governo do Estado. O terreno escolhido está em vias de desapropriação.
Para as localidades que foram atingidas pela inundação e que não podem mais ser habitadas, o prefeito informou em entrevista ao programa Gaúcha + que são trabalhadas algumas possibilidades:
— Boa parte delas, a única solução é reflorestamento, é arborização. Até como estratégia de preservação das matas ciliares, que também acabam sendo impactadas pelas inundações. Existem TACs, termos de ajustamento de conduta, em várias frentes. E em áreas que estão mais para dentro da cidade, podem ser projetados parques e pontos de lazer.
Planos e ações
A prefeitura de Muçum apresentou planos para curto, médio e longo prazos. São eles:
- busca por uma área para construção de residências provisórias (60 dias);
- reconstrução de casas destruídas pela enchente (12 a 15 meses);
- reforma de casas atingidas, mas em condições de moradia pós-reparos (sem prazo apresentado);
- construção de pavilhões emergenciais — atendimento a empresas (6 a 8 meses);
- construção de parque industrial (18 a 30 meses).
Para auxiliar a população durante esse momento crítico, o município elencou algumas ações pontuais:
- isenção de água (60 dias) e de energia elétrica — RGE (um mês);
- prorrogação do vencimento das parcelas de Imposto Predial e Territorial Urbano (IPTU) do mês de setembro;
- prorrogação do pagamento do Imposto sobre Serviços de Qualquer Natureza (ISSQN) para vencimento em dezembro;
- desconto na cobrança do IPTU 2024 conforme lei municipal.
Segundo a Defesa Civil do Rio Grande do Sul, até o momento, Muçum contabiliza 16 mortes provocadas pela enchente e três pessoas seguem desaparecidas.
— Percebam o tamanho da responsabilidade que nós temos em pensar a reconstrução do município de Muçum. E essa reconstrução envolve estudos, envolve prevenção de situações futuras, envolve pensar a expansão do município de forma coerente no aspecto social, econômico e ambiental para evitarmos outras situações de risco — concluiu o prefeito.