O número de mortos após o forte temporal no litoral norte de São Paulo durante o Carnaval subiu para 48, segundo informações divulgadas nesta quarta-feira (22). Catástrofes assim, segundo o diretor do Centro Nacional de Monitoramento e Alerta de Desastres Naturais (Cemaden) e professor da Universidade Federal de Santa Maria (UFSM), Oswaldo Luiz de Morais, irão continuar acontecendo cada vez mais se o Brasil não deixar de lado o improviso na gestão dos riscos.
— O desastre é uma combinação do evento meteorológico extremo com vulnerabilidade e exposição. Nós temos no Brasil mais de 40 mil áreas de risco. Nesses locais, vivem mais de 10 milhões de pessoas. Portanto, o cenário para o desastre é um cenário quase que permanente no país— disse Morais ao programa Gaúcha Mais, da Rádio Gaúcha, na tarde desta quarta-feira (22).
Para o diretor do Cemaden, o Brasil tem enraizado a cultura da "gambiarra":
— Em cada região do Brasil a gente tem uma palavra para dizer aquilo que fazemos com jeitinho. Aqui em São Paulo e sul de Minas Gerais, a gente usa muito a palavra gambiarra. A gente vai vivendo na forma de gambiarra. É um reflexo de nossa cultura. Gambiarra é uma palavra tipicamente do Brasil. E a gente se acostumou a fazer gestão de risco na forma de gambiarra. Nós não temos uma política pública duradoura para fazer essa gestão de risco. Acho que essa é uma mudança de cultura também. Não é só de legislação, mas de educação também —
Ação do homem
Ele alerta que as ações do ser humano no meio ambiente é o que está gerando um aumento no número de eventos climáticos extremos.
— Esse aumento é decorrência da ação antrópica. Para a ciência, isso já uma questão resolvida. O que precisamos agora é de políticas para a redução dessas ações. Não podemos chegar a um ponto onde não seja mais possível retornar — avisa.
Conforme o boletim das 14h40min desta quarta, Já são 48 pessoas mortas no desastre. O diretor do Cemaden avalia que a falta de políticas públicas é uma das causas desse cenário.
— O desenvolvimento urbano não planejado é tão ameaçador quanto cenários extremos de precipitação. Precisamos ter políticas públicas de maneira conviver mais harmoniosamente com as áreas que ocupamos — completa.