A fachada da boate Kiss, em Santa Maria, começou a receber uma nova pintura. A atual, com os dizeres "Kiss: 8 anos de impunidade", feita em janeiro de 2021, dará lugar a três desenhos que têm significados distintos.
Três meses após o júri que condenou os quatro réus pelo incêndio, as novas figuras terão relação com o resultado do julgamento. Os primeiros traços das imagens e os andaimes necessários para a pintura foram feitos na noite de segunda-feira (14).
Uma das imagens representa o resultado do júri; a segunda critica comentários ouvidos por familiares de vítimas, de que a Associação dos Familiares de Vítimas e Sobreviventes da Tragédia de Santa Maria (AVTSM) queria vingança e não justiça; e, por fim, a última reforça a situação de que houve dolo eventual e que o resultado do julgamento não se discute.
As imagens foram produzidas pelo artista plástico Deivison Lima.
O prédio da boate foi desapropriado pela prefeitura de Santa Maria e repassado à AVTSM. Em 2018, em conjunto com o Instituto de Arquitetos do Brasil foi realizado um concurso para escolha de um projeto para um futuro memorial.
Mais de uma centena de propostas foram enviadas, e uma foi escolhida. O orçamento inicial para a construção tinha valor de R$ 2,5 milhões, mas, como já se passaram quatro anos, a AVTSM pediu uma atualização.
A demolição do prédio não ocorreu antes porque era esperado o julgamento dos réus. Isso porque o local poderia ser utilizado como prova. Cogitou-se, também, a possibilidade de levar os jurados ao interior da boate. Como há possibilidade de recursos por parte das defesas dos réus, ainda há cautela sobre a demolição.
Condenações
Em 10 de dezembro de 2021, num julgamento histórico, o mais longo ocorrido no Rio Grande do Sul, o juiz Orlando Faccini Neto, da 1ª Vara do Júri, após decisão dos jurados pela condenação dos réus por homicídio com dolo eventual, proferiu a sentença, estabelecendo as penas.
Elissandro Callegaro Spohr, o Kiko, sócio da Kiss, foi condenado a 22 anos e seis meses de prisão em regime fechado; Mauro Hoffmann, sócio da Kiss, a 19 anos e seis meses de prisão em regime fechado; Marcelo de Jesus dos Santos, vocalista da banda Gurizada Fandangueira, e Luciano Bonilha Leão, produtor de palco da banda Gurizada Fandangueira, ambos a 18 anos de prisão em regime fechado. Os réus respondem ao processo presos.