A Delegacia de Proteção ao Idoso e Combate à Intolerância de Santa Maria concluiu o inquérito sobre a agressão sofrida por uma mulher enquanto trabalhava na portaria de um prédio residencial da cidade no dia 17 de fevereiro. Uma câmera de segurança do edifício mostra Ana Lúcia dos Santos Cardoso, 38 anos, sendo agarrada pelo pescoço por um morador do local. Ela afirma ainda que foi vítima de ofensas racistas. O homem, de 35 anos, que não teve a identidade divulgada pela Polícia Civil por conta da Lei de Abuso de Autoridade, foi indiciado por injúria racial e ameaça.
Segundo a porteira, a agressão ocorreu após ela ter autorizado a entrada de um oficial de Justiça que foi entregar uma notificação de despejo ao morador. Ela alega que tentou contato telefônico com o homem para que ele descesse, mas não conseguiu. Após receber a notificação, o condômino foi até a portaria. Nas imagens é possível vê-lo apontando o dedo para a mulher, falando algo e em seguida pegando-a pelo pescoço. A vítima relata ainda ter sido ofendida com palavras de cunho racista.
De acordo com a delegada Débora Dias, titular da Delegacia de Proteção ao Idoso e Combate à Intolerância, o homem prestou depoimento na última sexta-feira (4) e negou todas as acusações. Além dele, a vítima, o síndico do prédio e a oficial de Justiça também foram ouvidos. Conforme a delegada, o conjunto de provas é suficiente para o indiciamento do suspeito.
— Chegamos à conclusão, não somente pelas imagens, mas também pela palavra da vítima e pelos outros depoimentos. É importante salientar que nesses casos de injúria, é dada especial relevância à palavra da vítima. E por várias vezes ela disse que se sentiu humilhada e amedrontada. As imagens também são muito fortes — destaca a delegada.
Defesa contesta
O homem é defendido por três advogados, Marcos Vinícius Zanuzo, Marco Alfredo Mejia e Cristian Eduardo da Costa. Um deles, Marcos Vinicius Zanuzo, falou sobre o indiciamento. Segundo ele, não houve injúria racial e o caso foi um fato isolado na vida do seu cliente.
— De modo algum envolveu algum tipo de discriminação racial, por etnia, por cultura, ou qualquer outra natureza. No momento oportuno, se houver uma eventual ação penal, essa circunstância relativa ao delito de ameaça será combatida perante o Poder Judiciário. No que tange ao delito de injúria racial, a defesa acredita veementemente que não houve, em hipótese alguma, qualquer discriminação — contesta o defensor.
Ainda segundo o seu advogado, o homem se sentia discriminado no prédio por conta da sua religião. Conforme Marcos Vinicius Zanuzo, o seu cliente mora há pelo menos um ano e seis meses no prédio onde tudo ocorreu, mas há 10 anos em Santa Maria, onde tem um empreendimento. Porém, ele viveu dos nove meses aos 24 anos de vida na Palestina e é de religião muçulmana. O defensor não especificou nenhum ato pelo qual o homem tenha passado no prédio que configurasse uma discriminação religiosa. Zanuzo complementou que, neste momento, ainda não há definição se será feita ocorrência em razão da suposta discriminação sofrida pelo seu cliente.
Discriminação
Notícia
Polícia Civil indicia, por injúria racial e ameaça, homem que agrediu mulher em Santa Maria
Morador de prédio reagiu contra porteira do edifício quando permitiu a entrada de um oficial de Justiça
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