A chuva registrada ao longo do mês de janeiro no Rio Grande do Sul representa um alívio para as 121 prefeituras que, desde 27 de outubro do ano passado, decretaram situação de emergência por conta da estiagem. Pode-se dizer, no entanto, que este é um alívio temporário: os órgãos de monitoramento preveem acumulados baixos em fevereiro, o que faz com que o Estado se mantenha em alerta para o tempo seco.
Há um mês, nos primeiros dias de 2021, 18 bacias hidrográficas gaúchas estavam em alerta para baixa disponibilidade hídrica. Nesta segunda-feira (8), todas as 25 bacias monitoradas pela Sala de Situação da Secretaria Estadual do Meio Ambiente (Sema) apresentam níveis normais ou acima da média (veja abaixo quais são elas). Ainda assim, estão colocadas na condição de atenção.
Segundo o hidrólogo Lucas Giacomelli, da Sala de Situação, os principais rios do Estado não chegaram a níveis suficientes para passar por um longo período sem chuva.
— A gente trabalha com dois prazos. Estas chuvas têm reflexo no curto prazo, com certeza, ajudando nos reservatórios. Mas, no longo prazo, não alcançamos a média de acumulados do ano para as regiões. Assim, não temos a recarga de base, subterrânea, que faz com que os níveis dos rios permaneçam estáveis quando passamos por um longo período sem chuva.
Coordenador da Defesa Civil Estadual, o coronel Júlio Cesar Rocha Lopes acrescenta que o Estado passa por períodos de estiagem desde 2019. A chuva foi mais significativa em algumas cidades, mas outras tiveram acumulados muito baixos nos últimos dias:
—Alguns municípios tiveram redução da gravidade, outros não. Se formos olhar para o Estado como um todo, podemos dizer que amenizou, mas não resolveu. A Defesa Civil segue em alerta para estes eventos.
Previsão para fevereiro
Segundo a Somar Meteorologia, a chuva registrada em janeiro não era esperada inicialmente porque o Rio Grande do Sul está sob influência do fenômeno La Niña, que tende a deixar o tempo mais seco. Assim, mesmo com as pancadas registradas nas últimas semanas, esta segue sendo a previsão para o mês de fevereiro, segundo o meteorologista Fábio Luengo.
— A gente deve ter chuva abaixo da média na metade oeste, e mais perto da média na área leste. Para os reservatórios no Rio Grande do Sul, é necessário que haja uma chuva frequente e expressiva para reverter a estiagem.
Para agricultores gaúchos, no entanto, o retorno da chuva em janeiro trouxe de volta o otimismo para o plantio de soja. O cenário positivo é marcado, até o momento, pelo bom desenvolvimento das lavouras — que tiveram o plantio atrasado em 2020.
As 25 bacias hidrográficas do Rio Grande do Sul
- Rio Gravataí
- Rio dos Sinos
- Rio Caí
- Rio Taquari-Antas
- Alto-Jacuí
- Rios Vacacaí-Vacacaí Mirim
- Baixo Jacuí
- Guaíba
- Rio Pardo
- Rio Tramandaí
- Litoral Médio
- Rio Camaquã
- Lagoa Mirim e Canal São Gonçalo
- Rio Mampituba
- Rios Apuaê-Inhandava
- Rio Passo Fundo
- Rios Turvo-Santa Rosa-Santo Cristo
- Rio Piratinim
- Rio Ibicuí
- Rio Quaraí
- Rio Santa Maria
- Rio Negro
- Rio Ijuí
- Rio da Várzea
- Rios Butuí-Icamaquã