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A engenheira agrônoma Ana Maria Primavesi morreu neste sábado (4), em São Paulo, aos 99 anos. Ela é conhecida pela sua atuação na agricultura ecológica, conceito ao qual dedicou seus estudos e é uma das pioneiras em nível mundial. Recentemente, ela sofria de problemas do coração, que teria sido a causa de sua morte.
Ana Primavesi foi uma mulher à frente do seu tempo em muitos aspectos. Nascida na Áustria, em 3 de outubro de 1920, apaixonou-se pela natureza desde pequena, o que a fez ingressar na Universidade Rural para Agricultura e Ciências Florestais, em seu país, uma quebra de paradigma para uma época em que o ambiente acadêmico era dominado por homens. Aos 22 anos, já havia se tornado mestre em Agronomia.
Durante a Segunda Guerra Mundial, chegou a ser presa em um campo de concentração. Após o conflito, veio, em 1948, para o Brasil, com o marido, Arthur, onde radicou-se e viveu até a sua morte. Passou por Estados como Rio de Janeiro, São Paulo e Minas Gerais antes de aceitar um convite para lecionar na Universidade Federal de Santa Maria (UFSM), onde desenvolveu uma série de projetos de extensão e foi uma das fundadoras do programa de
Pós-Graduação em Biodinâmica do Solo, em 1971, o primeiro do país sobre a temática.
A professora e pesquisadora deixou uma bibliografia importante sobre manejo do solo e da agricultura ecológica, obras que são referência para os estudos da área. Seu livro Manejo Ecológico do Solo revolucionou os estudos sobre solo em países tropicais e serve de base para a agroecologia no Brasil, onde ela é pioneira sobre o assunto.
Além disso, é uma das fundadoras da Associação de Agricultura Orgânica (AAO) e do Movimento Agroecológico Latinoamericano (Maela). Em 2012, Ana Primavesi ganhou o
One World Award, prêmio concedido pela Federação Internacional de Movimentos pela Agricultura Orgânica (IFOAM, em inglês), pelo trabalho que desenvolveu ao longo de sua vida.