Aos 77 anos, a antropóloga Alba Zaluar morreu nesta quinta-feira (19). A informação foi confirmada pelo Fórum Brasileiro de Segurança Pública e pela Universidade Estadual do Rio de Janeiro (Uerj). Ela enfrentava um câncer de pâncreas.
Professora de antropologia no Instituto de Estudos Sociais e Políticos (Iesp) da Uerj, Alba fundou e chefiou o Núcleo de Pesquisa em Violências, cujos temas de estudo variam entre segurança pública, violência doméstica e tráfico de drogas.
Em nota, o Fórum Brasileiro de Segurança Pública lamentou a morte da antropóloga. "Ao longo de sua trajetória, a professora Alba se transformou em uma referência para os pesquisadores e estudiosos da área de segurança pública no Brasil e no Exterior, tornando-se uma referência no meio acadêmico. Como associada do Fórum Brasileiro de Segurança Pública, Alba nos ajudou a construir um espaço relevante nas discussões sobre os diversos temas que envolvem o setor. Em nome de todos os nossos associados, enviamos condolências aos familiares e amigos de Alba Zaluar", diz o comunicado.
O Iesp também se manifestou por meio de comunicado. "(Alba) era docente do nosso Programa de Pós-graduação em Sociologia de 2012 a 2019 e atualmente pesquisadora associada do instituto. Alba Zaluar foi uma das mais importantes referências da sociologia e da antropologia urbana e da violência no Brasil, tendo publicado dezenas de artigos, capítulos e livros sobre os temas e lecionado em centros como Unicamp e IMS-UERJ", informa o texto.
Despedida
Estudiosos de violência no país e políticos lamentaram a morte da antropóloga em suas redes sociais.
"Uma noticia triste. Uma perda inestimável. Morre Alba Zaluar, a grande socióloga", disse o ex-prefeito e atual vereador do Rio, Cesar Maia (DEM).
O deputado federal Alessandro Molon (PSB-RJ) também emitiu uma nota de pesar. "Triste notícia! Perdemos a socióloga e professora Alba Zaluar! Grande pesquisadora, deu importantes contribuições para o debate sobre segurança pública e violência urbana. Que sua família encontre conforto neste momento tão difícil", declarou o parlamentar.
A também deputada federal Jandira Feghali (PCdoB-RJ) lembrou da contribuição de Alba e de suas pesquisas dentro do tema que pesquisava. "Triste a partida da antropóloga Alba Zaluar, professora da UERJ. Contribuiu muito para o debate da segurança pública e reflexão social e política das últimas décadas. Meu abraço afetuoso aos familiares e amigos da decana", declarou ela em sua rede social.
Em seu Instagram, o ex-deputado federal Indio da Costa (sem partido), que foi candidato a governador do Rio no ano passado pelo PSD, prestou suas homenagens à professora. "Morre um pouco de mim com o falecimento da Alba Zaluar. Inteligente, intelectual, Alba foi minha amiga nas horas mais difíceis. Sempre tinha uma palavra de afeto. Que Deus a tenha", declarou.
Também especialista em segurança pública, a professora Jacqueline Muniz, Universidade Federal Fluminense, enviou uma nota de pesar à Folha de S.Paulo. "Alba Zaluar foi uma das pioneiras das pesquisas sobre violência e criminalidade no Brasil. Sua rica obra formou e influenciou sucessivas gerações de pesquisadores. Alba manteve-se fiel ao seu pensamento apaixonado pelo Rio de Janeiro: irreverente, provocativo e questionador. Sua morte é uma grande perda para a ciência no Brasil", disse.
À reportagem a cientista política Ilona Szabó, especialista em segurança pública e política de drogas, também lamentou a morte da antropóloga. "Alba Zaluar foi uma pioneira, alguém que abriu caminhos nos estudos sobre crime e violência. Uma antropóloga formidável, ela formou uma geração de jovens pesquisadores, especialmente mulheres, trabalhando na área de segurança pública, tradicionalmente dominada por homens. Perdemos uma gigante, mas seu legado permanecerá", declarou.