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Rodovia por onde passam cerca de 13 mil veículos por dia e boa parte da produção gaúcha, a BR-386 está às vésperas de receber a maior intervenção estrutural desde sua criação, na década de 1950. Por 30 anos, contados a partir de fevereiro de 2019, os 264 quilômetros entre Carazinho e Canoas estarão nas mãos da CCR Via Sul, grupo paulista responsável por duplicar e readequar entre 2021 e 2036 o percurso que liga a Região Metropolitana ao norte do Estado.
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A empresa prevê investir nela, na freeway e nas BRs 101 e 448, R$ 8,8 bilhões em melhorias, conservação, manutenção, monitoramento e novas obras. Essas ações farão com que a BR-386 alcance, em cinco anos, a mesma qualidade de pavimento e sinalização da freeway, garante a concessionária. O retorno financeiro virá de quatro pedágios. No início de 2020, quando as praças estiverem em operação, motoristas de automóveis terão de desembolsar R$ 35,20 para ir e voltar de Carazinho a Canoas.
Nove meses depois que o grupo paulista passou a gerir a BR-386, GaúchaZH percorreu a estrada nos dias 6 e 7. E a encontrou às escuras. Só tem luz nos trevos de acesso a algumas das 22 cidades por onde cruza e em Lajeado. A concessionária promete clarear 58 quilômetros em travessias urbanas e em vias marginais até 2023. Apesar de buracos, ondulações e afundamento de pista pontuais, o asfalto está em boas condições. A via tem pintura e placas novas que a deixam bem sinalizada, sobretudo nos trechos em obras.
Na área de concessão, 24 equipes trabalhavam em recapeamento asfáltico, construção dos pedágios, capina, limpeza e operações tapa-buracos no dia 6. Cruzaram pela reportagem oito veículos da empresa destacados para fiscalizar a rodovia e prestar serviço de apoio. Desde agosto, há 29 ambulâncias, guinchos e muncks (caminhão guindauto) à disposição dos usuários.
Nesta reportagem, a BR-386 foi dividida em três lotes, conforme critérios usados pela CCR Via Sul. Veja a situação em cada um deles:
Carazinho a Lajeado
- São 164 quilômetros de pista simples, a maior parte com acostamento.
- Começa em Carazinho, no km 180, passa por nove cidades e termina em Lajeado, no km 344. É o mais comprido dos três lotes, com curvas acentuadas e longas descidas e subidas.
- Em alguns aclives, o acostamento é utilizado como faixa adicional para tráfego de veículos pesados. A medida permite que automóveis rodem na velocidade máxima da via, mas elimina o recurso de fuga lateral.
- Um dos pontos que exigem maior atenção pela quantidade de morros e curvas fica entre São José do Herval, Pouso Novo e Marques de Souza. Em fevereiro, um caminhão carregado de madeira tombou no trecho, ferindo duas pessoas.
- De maneira geral, o asfalto está bem conservado, com pontuais ondulações, afundamento de pista e buracos, como nos kms 251, em Soledade, e 276, em Fontoura Xavier. Quando chove, há acúmulo de água no km 253.
- Ainda assim, os principais problemas são a pista simples e a ausência de mureta ou canteiro central, recurso que poderia ter evitado acidentes como o do último dia 3. Naquele domingo de Gre-Nal, uma van colidiu frontalmente contra um ônibus que levava torcedores do Grêmio para Porto Alegre. O motorista da van morreu na hora.
- A duplicação do trecho está prevista para ser feita em etapas entre 2021 e 2030, com instalação de acostamento e divisão entre as pistas.
- Estão sendo construídos dois pedágios, um em Victor Graeff e outro em Fontoura Xavier, ambos previstos para operarem antes de fevereiro.
- Hoje, não há passarelas. A CCR Via Sul promete construir 10 até 2030.
Lajeado a Tabaí
- São 41 quilômetros com asfalto novo, pista dupla, canteiro central e acostamento largo.
- É o trecho mais seguro, com melhores condições de tráfego.
- Em algumas subidas, a rodovia ganha terceira faixa. Ainda assim, apresenta algumas imperfeições e buracos, como nos kms 374, em Paverama, e 382, em Tabaí.
- Há três passarelas, todas em Lajeado. A CCR pretende construir mais duas na cidade e uma em Estrela até 2024.
- Esse trecho cruza oito cidades e é o menor em extensão.
- Terá uma base operacional e um serviço de atendimento ao usuário junto ao pedágio em Paverama.
Tabaí a Canoas
- Embora a concessionária já tenha feito melhorias no trecho, a rodovia ainda oferece insegurança em razão do acentuado movimento de veículos e pedestres.
- Há trechos em que a divisão de pistas é identificada apenas pela tinta amarela pintada no asfalto, apesar de oferecer duas faixas em cada sentido.
- Foi em um destes pontos, em Nova Santa Rita, que duas mulheres morreram e outras três pessoas ficaram feridas em 2 de março de 2018, quando um Hyundai Creta e um caminhão colidiram frontalmente no km 428.
- Quando há divisórias, estas são despadronizadas, alternando entre muretas (ora com grade em cima ora não), guard-rails, arbustos e canteiro central. O asfalto é defeituoso em diversos pontos, com buracos e afundamento de pista, especialmente na faixa da direita.
- Em Canoas, a rodovia afunila junto ao entroncamento com a BR-448, passando a ter uma faixa por cerca de 300 metros.
- Por enquanto, há uma passarela e poucos locais com acostamento. Assim como nos trechos 1 e 2, não há iluminação contínua.
- O lote será contemplado com quatro passarelas em Montenegro, Triunfo, Tabaí e Nova Santa Rita, onde já tem uma.
- A CCR Via Sul classifica o trecho como multivias e prevê sua readequação implantando acostamento e divisão central, seja com canteiros ou com defensas metálicas entre 2034 e 2036.
- Está sendo construído um pedágio em Montenegro, próximo à ponte sobre o Rio Caí.
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Parte 2
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