A Polícia Civil concluiu a investigação da Operação Analysis, que apurou fraude contra o Instituto de Previdência do Estado do Rio Grande do Sul (IPE) na cobrança de exames.
Dois sócios dos laboratórios investigados, além de três pessoas que trabalharam nos locais, foram indiciados por peculato, associação criminosa e inserção de dados falsos em sistema de informação.
Conforme o delegado Max Otto Ritter, da Delegacia de Repressão aos Crimes contra a Administração Pública e Ordem Tributária, os documentos apreendidos nas buscas feitas em setembro ajudaram a comprovar a fraude. O esquema consistia, segundo a polícia, na inserção de informações de exames falsos no sistema do IPE-Saúde, que acabava pagando por serviços não realizados.
Os lançamentos eram feitos em duplicidade - depois de o usuário fazer e pagar os exames, o laboratório repetia o lançamento para novas cobranças. E também eram lançados exames nunca solicitados por médicos. Até os nomes de pessoas já falecidas foram usados para justificar cobranças.
Nas apreensões, foram localizadas requisições antigas de exames que depois eram relançadas no sistema. A Polícia Civil também rastreou as cobranças referentes a alguns usuários dos laboratórios.
Uma paciente teria feito 17 exames entre 2014 e 2017, mas nenhuma requisição em nome dela foi localizada nos arquivos do laboratório. Outra teria feito 31 exames entre 2015 e 2018, mas apenas duas solicitações médicas foram encontradas.
Médicos foram chamados a depor e explicaram sobre exames que não solicitaram ou que nunca costumam pedir, como testes mais caros, cuja realização se repetia no laboratório investigado.
Quando a operação foi desencadeada, no ano passado, GaúchaZH apurou que o laboratório investigado era o Barth, com sede em São Jerônimo e filial em Butiá. Houve buscas da polícia nos dois locais, além da casa de sócios e de funcionários.
A fraude era possível, conforme a investigação, a partir do uso da senha de pacientes. Atendentes alegavam não estar conseguindo inserir a senha diretamente no sistema e pediam para anotar a identificação do paciente. Depois, as senhas eram usadas para relançar os exames no sistema do IPE-Saúde e obter novos pagamentos por serviços não feitos.
As três pessoas indiciadas, além dos dois sócios, foram responsabilizadas porque, segundo a polícia, tinham pleno conhecimento da fraude, colaborando, inclusive, para inserir os dados falsos. A polícia não informou os nomes dos indiciados.
O IPE-Saúde informou que o laboratório Barth segue suspenso pelo instituto desde que foi desencadeada a operação. Quanto a medidas de segurança, está em estudo, segundo a entidade, a implantação de um sistema em que o usuário, ao passar o cartão e digitar a senha, receberá mensagem por SMS sobre a realização de exames.
Contraponto
O que diz Carlos Eduardo de Souza Schneider, advogado dos sócios do laboratório: "Ainda não tive conhecimento do indiciamento, por isso, prefiro não comentar".