As primeiras estimativas do estrago deixado pelo excesso de chuva no Rio Grande do Sul apontam perdas de pelo menos R$ 385,9 milhões em áreas como lavoura, pecuária, infraestrutura pública e residências.
Esse é um cálculo inicial que leva em consideração um levantamento prévio da Emater em 102 municípios com lavouras de arroz afetadas pelo mau tempo no Estado e danos informados à Defesa Civil pelas três prefeituras que tiveram decretos de situação de emergência homologados e publicados no Diário Oficial até esta quarta-feira (16) — São Gabriel, Alegrete e Uruguaiana.
A cifra poderá se multiplicar de forma significativa à medida que as águas baixarem e mais municípios contabilizarem as consequências do aguaceiro.
Do valor inicialmente apurado, R$ 327 milhões correspondem a uma primeira análise de prejuízos feita pela Emater. A entidade não detectou perdas com impacto significativo em outras culturas até o momento, embora possa haver casos pontuais. O diretor técnico da Emater, Lino Moura, afirma que o montante poderá aumentar ou se reduzir nos próximos dias.
— Precisamos aguardar que a água baixe para verificar de fato o tamanho do estrago. Pode subir, mas também pode ser possível recuperar parte. Por enquanto, é apenas uma estimativa.
A Federação das Associações de Arrozeiros do Rio Grande do Sul (Federarroz) chegou a avaliar que os danos poderiam ser ainda mais abrangentes, chegando a cerca de R$ 720 milhões, mas a Emater não contabilizou prejuízos nesse patamar até o momento. A entidade pretende divulgar um relatório mais preciso amanhã.
Outras perdas já foram comunicadas formalmente à Defesa Civil estadual pelas prefeituras das três cidades mais afetadas pelo mau tempo. Excluída a agricultura dessa conta (para evitar que um mesmo número seja contado duas vezes, já que a Emater realizou um levantamento à parte), sobram outros R$ 58,9 milhões de prejuízo relatados em estradas, infraestrutura urbana, pecuária, comércio, serviços e em residências.
Prefeituras ainda contabilizam estragos
Esse valor também poderá ser alterado substancialmente, já que outros 10 municípios encaminharam decretos de emergência para a Defesa Civil até esta quarta-feira (16). Esses documentos precisam ser reconhecidos, mediante a análise de dados enviados de cada cidade retratando os problemas, para permitir o acesso a auxílio e recursos dos outros níveis de governo. Além do trio de municípios mais atingidos, que já obteve esse reconhecimento, hoje deverão ser homologados novos decretos.
— Muitas prefeituras ainda estão contabilizando os estragos. Muitas vezes encaminham informações básicas apenas para homologarmos a situação de emergência, mas há um prazo de 15 dias para o envio da documentação completa – afirma o tenente Rodrigo Lopes Duarte, analista de processo de homologação da Defesa Civil.
Quando se consideram todos os estragos comunicados pelas prefeituras ao órgão estadual, incluindo a destruição nas lavouras, a maior parte do prejuízo estimado inicialmente se concentra mesmo na agricultura. São Gabriel apresentou a fatura mais alta até agora, com perdas calculadas em R$ 172 milhões. Alegrete relatou impactos pesados também em suas estradas municipais, com levantamento prévio de R$ 30,8 milhões em estragos provocados pela inclemência da chuva.
Números iniciais
Dados preliminares informados pelos municípios mais atingidos pela enchente à Defesa Civil:
São Gabriel
- Agricultura: R$ 172,389 milhões
- Pecuária: R$ 9,271 milhões
- Estradas: R$ 4 milhões
- Residências: R$ 180 mil
Uruguaiana
- Agricultura: R$ 60 milhões
- Comércio: R$ 5,3 milhões
- Infraestrutura pública: R$ 3,5 milhões
- Residências: R$ 2,4 milhões
- Serviços: R$ 1,5 milhão
- Pecuária: R$ 113 mil
Alegrete
- Agricultura: R$ 37,3 milhões
- Estradas: R$ 30,8 milhões
- Residências: R$ 1,84 milhão