Futura adminstradora das BRs 101, 386, 448 (Rodovia do Parque) e 290 (freeway), a Companhia de Participações em Concessões (CPC) faz parte do grupo CCR, a maior empresa brasileira de concessões de infraestrutura de transportes, responsável por algumas das principais estradas do país, como Presidente Dutra, que liga São Paulo ao Rio de Janeiro, e Anhanguera-Bandeirantes, que conecta a capital paulista ao interior do Estado.
O grupo CCR venceu as outras quatro concorrentes no leilão desta quinta-feira (1º) ao oferecer a menor tarifa de pedágio a ser cobrado de quem trafega em cada sentido nas sete praças de pedágio a serem instaladas nas rodovias gaúchas: R$ 4,30 — valor 40% menor do que o teto estipulado no edital, de R$ 7,24. Com a nova concessão, o grupo paulista passará a administrar 10 segmentos rodoviários, em cinco Estados e um total de 3.738 quilômetros de malha rodoviária no país.
Em comunicado enviado à imprensa, o presidente do Grupo CCR, Leonardo Vianna, afirmou que a conquista representa o início de um novo ciclo de desenvolvimento para a empresa:
"Este é o sétimo Estado em que a CCR está presente no país, incluindo os negócios de mobilidade e aeroportos. Reiteramos nosso compromisso com o desenvolvimento da infraestrutura do Brasil, bem como a sua convicção na parceria legítima entre a iniciativa privada e o poder público como a forma mais eficiente de promover a modernização da infraestrutura".
Antiga Companhia de Concessões Rodoviárias, o Grupo CCR completará 20 anos pouco antes de começar a operar no Rio Grande do Sul — a recuperação das BRs e o início da cobrança de pedágio estão previstos para o dia 8 de fevereiro, inicialmente apenas na praças da freeway. Os outros cinco postos de cobrança passarão a funcionar apenas em março de 2020.
Atuação da CCR
O grupo surgiu em janeiro de 1999 a partir da unificação de ações de grandes grupos nacionais: Soares Penido (17,2% das ações), Andrade Gutierrez (17%) e Camargo Corrêa (17%) — os dois últimos envolvidos nos escândalos de corrupção revelados pela Lava-Jato — outros 48,8% estão pulverizados no mercado.
Em setembro, a própria CCR e ex-executivos do grupo foram alvo da 55ª fase da Lava-Jato. O ex-presidente Renato Vale, no comando do grupo desde sua criação até julho deste ano, foi apontado pelo doleiro Adir Assad, delator da operação, "como interlocutor no tema de produção de recursos de caixa 2 em espécie para diversas empresas concessionárias do Grupo CCR". Segundo o Ministério Público Federal, a empresa foi citada em fevereiro e o valor envolvido fira em torno R$ 46 milhões. Na época, a companhia disse que adotaria as "medidas cabíveis para a apuração dos fatos" e retirerou que mantém um comitê independente para averiguar as suspeitas.
Antes da atual formação, a primeira concessão conquistada pela CCR, em 1995, foi a da Ponte Rio-Niterói, que conecta os municípios do Rio de Janeiro e de Niterói. O contrato se encerrou em 2015. Depois, vieram a administração de rodovias, aeroportos, metrôs e barcas em diversos Estados.
No ramo de concessões rodoviárias, conforme a própria empresa, atua na gestão de nove segmentos rodoviários, onde atua com nomes específicos, como CCR NovaDutra, na Rodovia Presidente Dutra, e CCR ViaLagos na RJ-124, a Rodovia dos Lagos, principal ligação do Rio de Janeiro com a Região dos Lagos. Também faz parte do controle acionário da concessionária ViaRio, responsável pela construção e operação do Corredor Expresso Transolímpica, construído para as Olimpíadas do Rio.
Em 2008, a CCR adquiriu 40% da concessionária Renovias, responsável por 345,6 quilômetros de estradas que ligam a região de Campinas (SP) ao Circuito das Águas Paulista e sul de Minas Gerais, com interface em 15 municípios.
Além disso, o Grupo CCR está presente no segmento de transporte de passageiros, sendo atualmente responsável pela operação de linhas de metrô de São Paulo e da Bahia e de barcas no Rio de Janeiro.
O grupo ingressou, em 2012, no setor aeroportuário, com a aquisição de participação acionária nas concessionárias dos aeroportos internacionais de Quito (Equador), San José (Costa Rica) e Curaçao (Antilhas Holandesas). No Brasil, possui a concessionária BH Airport, responsável pela gestão do Aeroporto Internacional de Belo Horizonte, em Minas Gerais. Em 2015, adquiriu a TAS (Total Airport Services), empresa norte-americana prestadora de serviços aeroportuários.
Conforme a empresa, o Grupo CCR é hoje um dos cinco maiores da América Latina no setor de concessões de infraestrutura e conta com 13 mil colaboradores. A previsão, conforme o edital, é que a concessão no Rio Grande do Sul gere 8 mil empregos diretos e 4 mil indiretos.
A concessão gaúcha
Abrangendo 32 municípios gaúchos e 473,5 quilômetros de quatro rodovias federais — 101, 290 (freeway), 386 e 448 (Rodovia do Parque) —, a concessão chamada de Rodovia de Integração do Sul exige que a concessionária invista R$ 7,8 bilhões em obras e R$ 5,6 bilhões em manutenção e operação pelos próximos 30 anos — prorrogáveis por mais 10 anos. Todo o investimento será bancado pelos usuários, por meio de sete praças de pedágio, que terão valor único de R$ 4,30 em cada sentido.
O contrato com a empresa vencedora será assinado em 9 de janeiro, já no governo de Jair Bolsonaro. A partir daí, a concessionária terá um mês para iniciar a recuperação das estradas e a cobrança de pedágio, que inicialmente será apenas nas praças da freeway, em Gravataí e Santo Antônio da Patrulha. A cobrança nos demais pontos — quatro ao longo do trecho concedido da BR-386 e uma na BR-101 — está previsto para março de 2020.
Calendário previsto das obras
Como contrapartida pela arrecadação nas sete praças de pedágio por 30 anos, além de socorro médico e mecânico, videomonitoramento e operação do vão móvel da ponte do Guaíba, a nova concessionária terá de promover melhorias na infraestrutura nas quatro rodovias. A principal obra será a duplicação da BR-386, de Lajeado a Carazinho.
- 2019: trabalhos iniciais, com intervenções emergenciais, como tapa-buracos e reparos no acostamento, melhorias na sinalização vertical (placas) e horizontal (pinturas na pista) e colocação de taxas refletivas em 100% do trecho concedido.
- 2020 a 2023: recuperação de todas as rodovias, incluindo recapeamento de trechos e reforma estrutural de passarelas e viadutos.
- 2021 a 2030: duplicação de Lajeado a Carazinho (BR-386).
- 2031 a 2036: adequação da duplicação de Canoas a Tabaí (BR-386) e alargamento da freeway, de Gravataí a Osório.
*Estimativa com base nos prazos estipulados no edital da ANTT.