Ativistas e voluntários da causa animal fizeram uma manifestação na tarde desta quinta-feira (5) em frente ao Pampas Safari, em Gravataí, contra a decisão judicial que derrubou a liminar que impedia o sacrifício de cerca de 400 cervos. Dez pessoas, usando tiaras que imitam as orelhas da espécie, seguravam cartazes e bandeiras à beira da RS-020, distantes do pórtico do parque devido à instalação de uma cerca que começou a tomar forma nos últimos dias.
No final da tarde de quarta-feira (4), o desembargador Armínio José Abreu Lima da Rosa cassou a liminar que impedia o abate dos cervos, por suspeita de tuberculose bovina, com a justificativa de preservação da "saúde pública". Uma audiência de conciliação estava marcada para o dia 17 de outubro, na Justiça de Porto Alegre.
— Bem no Dia Mundial dos Animais! E faltam 13 dias para a audiência de conciliação que estava marcada. Foi por provocação? Foi falta de empatia? Não vamos abandonar essa batalha — disse Gelcira Teles, que se dedica à causa animal há mais de duas décadas.
Conforme Juliana Coube, coordenadora do movimento Ativismo Unido, Ativismo Vegano, pequenos atos estão sendo feitos, diariamente, em frente ao Pampas desde o dia 29 de setembro.
— Nós fazemos panfletagem aqui na frente para informar a população sobre a nossa luta. Se a gente esquecer, eles (os animais) morrem _ conta Juliana.
No sábado (7), uma manifestação está marcada para acontecer às 15h, em frente ao parque. Nas redes sociais, a deputada estadual Regina Becker (Rede) está convocando as pessoas para participar do ato.
"Não medirei esforços para reverter essa decisão que não levou em conta a inexistência de laudos que comprovem a presença da doença nos cervos, e apelo para que toda a rede de proteção, ativistas e todos que amam e respeitam os animais, estejam unidos no próximo sábado", escreveu a deputada no Facebook.
Na manhã desta quinta-feira, o diretor-presidente da Fundação do Meio Ambiente de Gravataí, Jackson Müller, esteve no Pampas para fazer um inventário dos animais que vivem no parque a pedido do Ministério Público — que abriu investigação para identificar possíveis irregularidades no local.
— Se percebe que os animais não estão doentes. Eles estão correndo, saudáveis, o Pampas vem fazendo um bom trabalho de cativeiro.
A família Febernati, proprietária do parque, apresentou às autoridades um plano de encerramento das atividades que prevê o sacrifício dos cervos como alternativa. Müller, defende que o objetivo do ato é "buscar um caminho alternativo" para que o abate não ocorra:
— Soa estranho exterminar tantos animais assim sem que se tenha certeza da doença. Esses animais foram trazidos para manter o poder econômico do parque e agora eles vão matar para resolver fechar o parque?
Antes de a Justiça de primeira instância determinar a paralisação dos abates, 20 animais tinham sido sacrificados. Testes de laboratório indicaram que esses exemplares não portavam a doença, mas os laudos foram declarados inconclusivos. Agora, com a derrubada da liminar, o abate poderá voltar a ser adotado, mas depende da Guia de Trânsito Animal (GTA), emitida pela Secretaria Estadual da Agricultura, para o traslado dos bichos entre o parque e frigoríficos.
A família Febernati declarou que "a decisão do desembargador Armínio reflete a posição da empresa Pampas Safari".