A Brigada Militar anunciou nesta quarta-feira (13) que vai instaurar sindicância para apurar as circunstâncias do episódio de agressão à repórter fotográfica de Zero Hora Isadora Neumann.
Na tarde de terça-feira (12), durante o protesto contra o fechamento da exposição Queermuseu: Cartografias da Diferença na Arte Brasileira, no centro de Porto Alegre, houve conflito entre grupos pró e contra a mostra e exigiu a intervenção do Pelotão de Operações Especiais (POE) do 1º Batalhão de Polícia Militar. Durante a ação, um PM caminhou em direção a Isadora Neumann, que estava a trabalho e registrava o protesto com uma câmera, e disparou spray de pimenta contra o rosto dela.
Em ofício enviado ao comandante-geral da BM, coronel Andreis Silvio Dal'Lago, o vice-presidente Editorial do Grupo RBS, Marcelo Rech, registrou inconformidade com o ocorrido. Em resposta, Andreis afirmou que o caso será apurado.
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A exposição que motivou o protesto ficaria em cartaz no Santander Cultural até 8 de outubro, mas foi encerrada antecipadamente no último domingo, depois de entidades religiosas e o Movimento Brasil Livre (MBL) criticarem algumas obras por fazerem apologia à zoofilia e à pedofilia, além de blasfemar contra símbolos religiosos.
Em entrevista a ZH nesta quarta-feira (13), o coronel Jefferson de Barros Jacques, comandante do Policiamento da Capital, esclareceu que atuaram na ação de terça-feira (12) PMs de duas unidades: do 1º BPM e do 9º BPM. E explicou que a presença do pelotão de choque foi necessária porque houve confronto entre os dois grupos que estavam no local. A repórter de ZH foi atingida diretamente no rosto com o spray de pimenta quando registrava a detenção de duas pessoas — uma delas também usava câmera para filmar a ação e acabou jogada no chão por PMs depois de perguntar o motivo da prisão de outro homem (veja no vídeo acima).
— São preceitos técnicos de uso do equipamento que serão apurados pelo Comando de Policiamento da Capital, o setor de correição vai abrir um procedimento para analisar tecnicamente se o uso foi correto ou foi inadequado, analisar todas circunstâncias do evento, ouvindo a repórter e o comandante da ação e os policiais que atuaram. Os aspectos técnicos serão apurados e isso vai eventualmente, de parte a parte, elidir as dúvidas que cada versão apresenta. E as imagens também serão utilizadas para subsidiar esse procedimento — destacou Jacques.
Diferentes entidades de defesa da liberdade de imprensa e do jornalismo divulgaram nesta quarta-feira (13) notas de protesto contra a agressão.