A Polícia Civil deflagrou na manhã desta quinta-feira (10) uma operação contra o tráfico de drogas na Região Metropolitana. O alvo é a quadrilha de Juliano Biron da Silva, um dos líderes de facção criminosa transferido há duas semanas para um presídio federal. Até as 10h, cinco pessoas haviam sido presas, três preventivamente e duas em flagrante.
Ao todo, 65 policiais cumpriram seis mandados de prisão preventiva e nove de busca e apreensão em Gravataí, Cachoeirinha, Canoas e Novo Hamburgo. O objetivo da ação foi prender quatro suspeitos de coordenar, para Biron, o tráfico e a lavagem de dinheiro enquanto ele estava detido no Presídio Central. Em um dos locais onde ocorreram as buscas, em Gravataí, policiais foram recebidos a tiros. Ninguém ficou ferido. Uma pessoa foi presa em flagrante por tentativa de homicídio e porte ilegal de arma de fogo.
Também foram presas outras duas pessoas em Gravataí. Em um sítio, um suspeito foi detido em flagrante por posse ilegal de arma de fogo.
Leanderson Danilo da Silva foi preso preventivamente por ser apontado como responsável por cuidar do armamento do grupo e por levar dinheiro de lancherias para pontos de tráfico. Em Canoas, foi preso de forma preventiva Derli Silveira, um dos sócios de Biron, que ajudava a lavar dinheiro para a quadrilha por meio da rede de lancherias Skillus. Valdir da Silva também foi preso preventivamente por lavagem de dinheiro. Ele foi localizado em Cachoeirinha.
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Bens da quadrilha
No mesmo dia em que foi transferido para um presídio federal no Rio Grande do Norte, Biron teve R$ 5 milhões em bens apreendidos durante operação da Divisão de Inteligência do Departamento de Investigações do Narcotráfico (Denarc). Desde 2012, ele movimentou R$ 60 milhões. Nesse período, adquiriu apartamento em Balneário Camboriú, prédio inteiro em Canoas, sítio, casas no litoral gaúcho, 20 veículos, sete lancherias da rede Skillus e mais de 80 contas bancárias em nome de quase 40 laranjas.
Juliano Biron da Silva pertence a uma facção criminosa que fornecia drogas a uma outra quadrilha de Gravataí, que é acusada de planejar a execução de uma juíza e de policiais. O plano foi descoberto e abortado no ano passado. O traficante também é apontado pela polícia como o autor da morte do fotógrafo José Gustavo Bertuol Gargioni, em 2015, em Canoas. Segundo a investigação, ele teria matado o fotógrafo por ciúmes.
Alvos
O delegado Marcio Zachello, responsável pela investigação, disse que a ação teve como alvos a prisão dos principais membros da organização criminosa chefiada por Biron. Entre eles, o sócio de todas as lanchonetes da rede Skillus. As empresas são investigadas por lavagem de dinheiro.
Segundo o policial, suspeitos investigados eram usados como laranjas para compra de imóveis e de veículos. Dois outros comparsas do líder eram responsáveis pelo tráfico de drogas e pela aquisição de armamento. Outros dois integrantes da quadrilha já encontravam-se recolhidos ao Presídio Central e novamente hoje tiveram prisão preventiva decretada.
– Temos farta documentação apreendida que comprova o uso de dinheiro do tráfico na aquisição de bens, o que configura lavagem de dinheiro. Essas prisões de hoje e a descapitalização do tráfico são um passos importantes para realmente desarticular esse grupo - ressalta Zachello.
Primeira operação
Após a prisão de Biron, a meta foi atacar o poder financeiro da quadrilha. A operação ocorreu no mesmo dia da transferência do suspeito e resultou na prisão de sete investigados e nas apreensões de armamento: dois fuzis, três pistolas, quatro revólveres e munição. Ainda foram localizados pouco mais de R$ 200 mil.
As ações contaram com apoio do Ministério Público e as delegacias do Denarc.