Uruguaiana acordou mais uma vez apreensiva. Há pelo menos quatro dias, o Rio Uruguai sobe sem parar. O ritmo de 1 centímetro por hora já elevou o nível a 11m05cm – mais do que o dobro do normal, 5m.
Com isso, o número de famílias que têm que deixar suas casas não para de subir. O balanço da Defesa Civil desta segunda-feira (5) aponta 1,6 mil pessoas. Mas mais famílias seguem retirando os pertences que conseguem e outras passam o dia monitorando o rio.
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Vantuir Goularte, encanador de 44 anos, esperou até o último momento para sair de casa. Ontem, com a água no pátio, levou os móveis leves para a casa da mãe. Hoje, não pode mais esperar pela ajuda do Exército e ele e a mulher removeram os demais pertences.
– Já estava estragando, não dava mais. A água sobe de maneira assustadora – comentou.
Rene Rodrigues, 65 anos, acredita que o Uruguai pode repetir 2014 e 1982, quando a água tomou sua casa. Já Eva Farias, 58 anos, faz força para enxergar o telhado de sua casa de madeira. Não lembra mais o dia exato que deixou sua casa e passou a viver em uma barraca de lona, a poucos metros do rio. Mesmo sob o frio da fronteira, prefere isso a perder o que lhe restou, talvez somente o telhado de zinco.
– Estou com medo de o rio levar toda a casa – comentou, enquanto fazia seu tradicional monitoramento.
O nível do Rio Uruguai deve seguir subindo pelo menos até quarta-feira. Embora tenha parado de chover, as volumosas águas da cabeceira seguem descendo e enchendo o leito do rio em Uruguaiana.
*Zero Hora