Neste minuto, oito mulheres podem estar sendo agredidas fisicamente no país. O número é mais do que uma estimativa: é resultado da pesquisaVisível e Invisível: a Vitimização de Mulheres no Brasil, realizada pelo Datafolha, que entrevistou mulheres de todo o país e apontou que 503 mulheres foram vítimas de agressões físicas a cada hora. Isso representa 4,4 milhões de brasileiras – 9% do total das maiores de 16 anos.
Se forem contabilizadas também as agressões verbais e psicológicas, o índice de mulheres que se dizem vítimas de algum tipo de agressão em 2016 sobe para 29%.
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Publicado pela Folha de S. Paulo nesta quarta-feira, Dia Internacional da Mulher, o estudo encomendado pelo Fórum Brasileiro de Segurança revelou ainda que dois a cada três brasileiros (66%) presenciaram uma mulher sendo agredida física ou verbalmente no mesmo período.
– Os resultados da pesquisa mostram que a violência faz parte da gramática dos relacionamentos no país e que é algo socialmente tolerado – disse Samira Bueno, diretora-executiva do fórum, à Folha.
A pesquisa mostra, ainda, que 9% das entrevistadas relatam ter levado chutes, empurrões ou batida; e 10% dizem ter sofrido ameaças de apanhar. Além disso, 22% afirmam ter recebido insultos e xingamentos ou terem sido alvo de humilhações, e 10% ter sofrido ameaça de violência física.
Há ainda casos mais graves, como ameaças com facas ou armas de fogo (4%), lesão por algum objeto atirado (4%) e espancamento ou tentativa de estrangulamento (3%).
O agressor era conhecido das vítimas em 61% dos casos relatados. As agressões ocorreram principalmente em casa (43%) e na rua (39%), mas também no trabalho (5%) e na balada (5%) e foram mais frequentes entre mulheres de 16 a 24 anos (45%).
Combate ainda frágil
Apesar do acesso à informação e do debate público sobre o tema, intensificado desde a aprovação da Lei Maria da Penha, em 2006, 52% das mulheres entrevistadas que reportaram agressões não fizeram nada a respeito da violência sofrida.
Das que tomaram alguma medida, 13% procuraram ajuda da família, 12% apoio dos amigos e 5% procuraram a igreja que frequentam. Apenas 11% buscaram uma delegacia da mulher, enquanto 10% denunciaram o caso em uma delegacia comum.