O município de Forquilhinha, por meio do prefeito Vanderlei Alexandre (PP), decretou luto oficial de três dias pela morte de Dom Paulo. Amanhã de manhã, haverá uma missa na igreja matriz Sagrado Coração de Jesus, na cidade.
Na cidade natal, a família recebeu a notícia com serenidade. Apesar de desde 2004 não ter retornado ao lugar onde nasceu e viveu até os 12 anos, a presença de Dom Paulo se manteve muito forte. A última vez que ele esteve na cidade foi para a inauguração da sede da Pastoral da Criança.
Outra irmã do religioso, Hilda Arns, 90 anos, também religiosa, disse não ter chorado.
– A morte é o começo – disse.
Lilian Arns é sobrinha de Dom Paulo. Conforme ela, a lembrança é de uma pessoa que dedicou a vida para ajudar os outros.
Dom Jacinto Inácio Flach, bispo de Criciúma (SC), diocese a qual pertence o município, divulgou nota. Mesmo com pesar, ele destacou a pessoa marcante de Dom Paulo, que soube fazer história em uma época muito complexa e difícil, o período da Ditadura Militar. O religioso lembrou que o arcebispo sempre esteve em defesa da democracia e dos direitos humanos. Recordou ainda o trabalho em uma das maiores dioceses do mundo, a arquidiocese de São Paulo, onde se manteve próximo dos perseguidos.
Também o Conselho Episcopal do Regional Sul 1 da CNBB, em nome dos religiosos do Sul do país emitiu nota. "Mesmo sofrendo com sua partida, não queremos mais retê-lo entre nós. Agora Dom Paulo pertence totalmente ao Senhor", escreveu Dom Airton José dos Santos, presidente do Conser-Sul-1.
Pastoral da Criança lamenta morte
Dom Paulo também foi fundamental para a criação da Pastoral da Criança. Em nota, a coordenação disse que dom Paulo Evaristo Arns foi "o grande responsável por semear a criação da Pastoral da Criança", em 1982, projeto desenvolvido por sua irmã, a médica pediatra e sanitarista Zilda Arns Neumann, e que busca reduzir a mortalidade infantil. Na mensagem, a Pastoral disse que a vida do cardeal foi marcada por uma série de ações voltadas às populações mais pobres e necessitadas.
Também a Comissão Pastoral da Terra se manifestou e ressaltou a ligação com as questões agrárias.
"Dom Paulo foi um baluarte na luta pela democracia, no combate à Ditadura Militar, denunciando os desmandos praticados contra lideranças e militantes presos e submetidos a horrorosas sessões de tortura. A palavra e a postura dele dando guarida a perseguidos é um exemplo que marca a história de nosso país", disse em nota.
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