O governador José Ivo Sartori afirmou nesta quarta-feira (23) que "é inevitável" aprovar o pacote de corte de gastos proposto pelo Palácio Piratini para que o Rio Grande do Sul possa fazer frente à crise nas finanças públicas. Em entrevista ao programa Gaúcha Atualidade, Sartori disse que as cerca de 40 propostas precisam ser aprovadas pela Assembleia e que não há plano B, caso as medidas não sejam chanceladas pelos deputados.
"Não existe plano B. Nós precisamos aprovar esse pacote se quisermos avançar", afirmou o governador.
Sartori classificou as medidas como uma "necessidade". Disse que espera que os deputados tenham "consciência" e que entendam o momento pelo qual passa o Estado.
13º salário
Um dos projetos encaminhados ao Legislativo prevê a mudança do trecho da Constituição que obriga o Estado a pagar a totalidade do 13º salário dentro do mesmo ano. O Piratini propõe quitar metade da gratificação natalina até o final de 2016 e a outra metade somente em novembro de 2017. Questionado sobre o final de sua legislatura, que faria com que o próximo chefe do Executivo assumisse parte da conta, Sartori alfinetou o ex-governador Tarso Genro.
"Da mesma forma que todos os aumentos da segurança ficaram pra nós pagarmos durante o nosso governo que ao final do ano representarão perto ou mais de R$ 4 bilhões", disse.
Segurança
Sartori exaltou as medidas na área da segurança tomadas desde o último ano, como a convocação de policiais militares, concursos e o pedido de auxílio à Força Nacional de Segurança, mas afirmou que não falaria sobre o aumento da violência, mostrada através de dados estatísticos.
"Não vou ficar verbalizando para não aumentar a sensação de segurança".
Base aliada
O governador também confirmou à Rádio Gaúcha que vai propor um plebiscito para que a população decida sobre a privatização das companhias CEEE, CRM (Companhia Rio-Grandense de Mineração) e Sulgás, caso o projeto relativo a este tema não seja aprovado pelos deputados. No pacote remetido ao Legislativo, o governador propôs retirar a exigência de plebiscito para que o Poder Público possa decidir, sem consulta, a privatização ou federalização destas empresas.
"É claro (que vou propor). Porque aí não haverá outra alternativa. Neste caso, a sociedade vai ter que decidir", disse, ao ser questionado sobre focos rebeldes na base aliada, principalmente de parlamentares do PDT.
Sartori negou o encaminhamento ao Parlamento de novos projetos nos próximos dias. No entanto, interlocutores do Palácio Piratini afirmam que novas propostas deverão ser protocoladas com expectativa de votação até o final do ano.
Brasília
Sartori está em Brasília onde participou nesta terça-feira de encontros com o presidente Michel Temer e a equipe econômica. Na reunião, o ministro da Fazenda, Henrique Meirelles, confirmou o repasse de uma fatia maior aos Estados dos recursos oriundos da repatriação. Serão R$ 5 bilhões ao todo, mas somente R$ 79 milhões aos cofres gaúchos (menos de 10% do valor da folha do funcionalismo).
Sartori também comentou as reações de sindicatos e corporações a respeito do pacote de cortes proposto pelo Palácio Piratini. O governador disse que já esperava que houvesse protestos e que imaginou que fossem até "superiores".