Três dias depois de 25 cães serem encontrados mortos, alguns só pele e ossos, em um sobrado na Avenida Medianeira, bairro Nossa Senhora de Fátima, em Santa Maria, um protesto reuniu cerca de 200 pessoas no centro da cidade na manhã deste sábado.
As manifestações começaram ainda na quarta-feira por meio das redes sociais. Indignados, protetores dos animais, ONGs, pet shops da cidade e comunidade em geral disseminavam a revolta e tristeza diante do fato.
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Organizado a partir da criação de um evento no Facebook, o protesto deste sábado concentrou-se na Praça Saldanha Marinho. Ao longo da manhã, o grupo também fez caminhadas de uma ponta a outra do Calçadão com faixas, cartazes, apitos e gritando constantemente: "Justiça, Justiça!" Muitas pessoas levaram seus cachorros para a manifestação E, junto à roupa, colaram adesivos e fitas pretas indicando luto.
Segundo uma das organizadoras do ato, a empresária Beatriz Inês Vendroscolo, 58 anos, a intenção é chamar a atenção das autoridades:
– Queremos a criação de um órgão de proteção animal. Queremos punição de quem causou as mortes e não queremos que isso se repita.
Quem passava pelo Calçadão e praça era convidado a colocar o nome em dois abaixo-assinados. Um, que seria remetido ao Ministério Público, pedindo um relatório sobre o destinos dos cerca de 2 mil animais resgatados e, inclusive, informado pelo próprio Grupo de Apoio Santa-mariense de Proteção Animal (Gaspa). O outro, ao Comando Militar Ambiental sobre o número, data de recolhimento e características dos bichos resgatados pelo mesmo grupo.
Ao Gaspa era vinculada a locatária do imóvel onde estavam os cachorros mortos, Elis Dal Forno de Freitas Parode. A entidade atua em Santa Maria resgatando animais em situação de abandono.
De acordo com os organizadores, a mobilização deve seguir até as 18h deste sábado. Às 15h, haverá uma vigília em frente ao sobrado, na Avenida Medianeira, onde os animais foram encontrados mortos.
A veterinária Marlene Nascimento lembrou do Caso Dalva, que aconteceu em janeiro de 2012, em São Paulo, quando dezenas de corpos de animais foram encontrados dentro de sacos de lixo. Em Santa Maria, ela que também integra o Clube Amigo dos Animais e estava na manifestação, não recorda de situação semelhante:
– Em Santa Maria, é um dos casos de maior crueldade com animais que já vimos. Vamos entrar na Justiça com uma representação contra o Gaspa.
No sábado à tarde, o Diário tentou contato telefônico com Elis, mas as ligações não foram atendidas.
Crime ambiental
O caso está sendo tratado como maus-tratos a animais, que é um crime ambiental. A pena prevista é de três meses a um ano de prisão. No entanto, há o agravante de os cachorros terem morrido, o que pode aumentar a pena em até mais quatro meses. Em caso de condenação, como a pena não chega a quatro anos, poderá ser substituída por uma prestação de serviço ou pagamento de multa.