"Não gosto de política", "não sei", "não posso falar", "estou com pressa", "não quero santinho". Na tarde desta segunda-feira, a reportagem do Diário abordou 30 pessoas no Calçadão e na Praça Saldanha Marinho, no centro de Santa Maria.
Senado julga impeachment de Dilma Rousseff nesta segunda-feira
Em meio à correria cotidiana e à chuva, que não deu trégua nem por um minuto, apenas oito pessoas toparam falar sobre a parte final do julgamento de impeachment da presidente afastada Dilma Rousseff. Foram quase nove meses de processo depois de o ex-presidente da Câmara Eduardo Cunha (PMDB) autorizar o procedimento.
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O que se traduz das respostas dos santa-marienses é uma sociedade cansada de corrupção e, por vezes, indiferente ao que está acontecendo. Na visão da maioria, o acúmulo de fatores, os casos de corrupção e o desgaste do próprio governo Dilma, foi o que levou ao quadro atual. No entanto, a maioria dos entrevistados desconhece os motivos pelos quais Dilma está sendo julgada. No caso, o crime de responsabilidade e as pedaladas fiscais.
– A corrupção não é de um partido. Em um interrogatório como o de hoje (segunda-feira), deveriam ter mais provas. Eu, como povo, não enxergo essas provas. Ela (Dilma) tem muito o que explicar. Os indícios são muito grandes. Acho que o impeachment é uma solução dentro do quadro de corrupção – pondera o coordenador administrativo Luís Oliveira Ramos, 49 anos.
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Observa-se que, para alguns, o impeachment é visto como uma oportunidade de iniciar uma mudança na política brasileira.
– A alternativa de momento é o impeachment, mas não é a solução. Ela (Dilma) mentiu para a população e estava muito mal acompanhada. Acho que o Temer (presidente em exercício) vai tomar muito cuidado para não roubar. Por que não é sempre como foi na Olimpíada do Rio? Por que não damos exemplo na política também? – questiona o professor aposentado José Antônio Vargas da Silva, 67 anos.
Pouca esperança
Por outros olhos, a esperança de mudança passa longe. E mais: tende a piorar a partir da saída de Dilma em definitivo do poder:
– Vão tirar ela para colocar um pior? Se é para ela sair, o povo tem de eleger um novo candidato. Não sei se ela roubou ou cometeu um crime. O que sei é que várias pessoas cresceram através dos programas sociais da Dilma e do Lula – afirma o soldador Roberto Gonçalves, 31 anos.
O ceticismo político do brasileiro se reflete na frase curta e sem rodeios da aposentada Noemi Gonçalves, 70 anos:
– Ninguém conversa sobre política porque todos estão desiludidos.