Everton de Souza Rosa chegou ainda na madrugada desta quinta-feira na delegacia de polícia de Arroio dos Ratos após o incêndio que deixou sete mortos em uma clínica de reabilitação para dependentes químicos. O jovem já havia sido interno no local e agora trabalhava como monitor. Além de amigos, perdeu o irmão Gabriel na tragédia.
Abalado, ele falou com a reportagem da Gaúcha sobre o incêndio e disse que houve negligência dos funcionários que estavam no local no momento do incêndio. Isso porque os quartos estavam trancados e não havia ninguém no setor para abrir as portas e permitir a saída dos internos.
"Foi pura negligência por parte da equipe que estava no plantão. Porque eu fui responsável pelo setor durante três meses e nunca aconteceu nada. O responsável tem que ficar dentro da casa. Além de ser uma área involuntária que fica trancada, a casa também é trancada. O responsável do setor não se encontrava dentro da casa quando ocorreu o incêndio no quarto", afirmou.
Segundo ele, o irmão estava há 15 dias internado no local por causa do vício em drogas. O jovem conseguiu correr para um banheiro na companhia de outras quatro pessoas, mas morreu carbonizado.
Everton disse que sempre foi bem acolhido no local, mas citou problemas. "Eu cheguei bastante debilitado, consegui me erguer. Fui bem acolhido, não posso reclamar do lugar. Mas foi uma série de fatores que levaram à tragédia", disse.
A Rádio Gaúcha ainda não conseguiu contato com os responsáveis pela clínica. Um dos diretores chegou a ir ao local logo após o incêndio, mas foi agredido por internos e fugiu. Ele agora é procurado pela polícia.
Três funcionários da clínica já foram autuados em flagrante por homicídio e omissão de socorro. Pelo menos quatro responsáveis pelo local também devem responder.