
– Nós somos a ponte que eles têm para a tentativa de uma vida melhor.
Assim, a diretora Giseli Silveira Oliveira define a importância da Escola Estadual de Ensino Fundamental Vila Cruzeiro do Sul – Escola Aberta, que fica na Cruzeiro, na Capital, na vida de 206 alunos.
Mas o local no qual são acolhidos há três décadas alunos em medida protetiva, aqueles que vivem em abrigos, os que cumprem medida socioeducativa, em distorção idade-série, ou considerados em vulnerabilidade social, está com os dias contados.
Leia mais:
Escolas estaduais poderão ter aulas até 2017 para recuperar dias letivos
Metas da ONU são desafio para alunos em primeira missão de Logus
Esteio: fique atento para as inscrições na educação infantil
De acordo com a diretora, a 1ª Coordenadoria Regional da Educação (Cre) informou, na semana passada, que a escola terá que deixar o prédio que pertence à Fase porque o local será reformado e dará espaço a oficinas e cursos voltados aos internos. A mudança deve ocorrer em dezembro deste ano.
Preocupados
O fechamento preocupa alunos como o aposentado Everaldo Valenço Pacheco, 41 anos, no local desde 1993, e o pedreiro Paulo Florence, 42 anos. – Foi aqui que eu consegui completar o ensino fundamental. Não foi fácil. Quero que meus colegas consigam terminar também – diz Paulo, prestes a formar-se.

Acolhimento é permanente
Entre as peculiaridades de uma escola aberta está o fato de não ter matrículas, não seguir a rotina de uma escola regular. Os alunos são acolhidos permanentemente, mas não precisam ficar na escola se não quiserem e voltam quando acharem melhor. Eles não “passam de ano”, mas podem fazer avanços em avaliações que ocorrem três vezes ao ano.
A diretora destaca a importância de a escola permanecer na Cruzeiro. A clientela, que frequenta a escola nos três turnos, é formada por estudantes das vilas Pedreira, Ecológica, 27, Pantanal, Barracão, além de alunos que moram próximos ao Postão.

Até dezembro, tudo permanece igual
Uma série de reuniões envolvendo Fase, Secretaria Estadual de Justiça e Direitos Humanos e o Secretaria Estadual de Educação (Seduc) está definindo o futuro da Escola Cruzeiro do Sul. Segundo a titular da 1ª Cre, Jurema Garzella, foi estabelecido que, até dezembro, a escola permanecerá no local onde está, sem modificações.
– A Seduc já procura um novo local para instalar a escola após dezembro, nas proximidades deste – afirma.
O presidente da Fase, Robson Luis Zinn, confirma que o prédio passará por reforma total e que o recurso de US$ 3 milhões (R$ 9,93 milhões, vindos do Banco Interamericano de Desenvolvimento) já está garantido.