Em mais um evento para afagar a base e demonstrar apoio ao governo, a presidente Dilma Rousseff usou nesta terça-feira o seu discurso na cerimônia de lançamento do Plano Safra da Agricultura Familiar, no Palácio do Planalto, para fazer uma defesa de seu mandato.
– Vivemos tempos muito estranhos, difíceis, politicamente conturbados. A democracia brasileira sofre um assalto. Querem encurtar o caminho para a democracia – acusou a presidente.
Ao chegar à cerimônia, Dilma foi recebida aos gritos de "não vai ter golpe, vai ter luta" e "no meu país eu boto fé porque ele é governado por mulher".
Leia mais:
Aécio diz ter "receio" de que eventual governo Temer se pareça com o de Dilma
Plano Safra da Agricultura Familiar 2016/17 terá R$ 30 bi para financiamento
Professor defende práticas fiscais de Dilma na comissão do impeachment
A presidente disse ainda que está sendo vítima de uma fraude e argumentou que impeachment sem crime é golpe. Ela classificou as acusações do processo de impeachment como mentiras e falou sobre os decretos de crédito suplementar, publicações que são parte das acusações que pesam contra ela.
– É uma mentira contra a experiência histórica do País. Se comparar com os últimos presidentes, a situação é estranha. Eu fiz seis decretos. Fernando Henrique Cardozo (FHC) fez 101 – relatou.
Dilma observou que os decretos que aparecem na acusação mostrariam que ela estava cumprindo a meta fiscal.
– Esses decretos não foram feitos por demanda minha. Um deles é do TSE, que falava que eles fizeram concurso e apareceu mais gente do que o esperado – explicou. – Por isso o TSE arrecadou dinheiro a mais e pediu que esses valores fossem destinados a outro concurso – disse.
Um segundo decreto, explicou Dilma, é referente ao hospital federal do Ministério da Educação.
– Nesse, o MEC recebeu para os hospitais doações de pessoas físicas e de organizações sem fins lucrativos. Esse montante foi colocado nos hospitais e nós cometemos crimes porque, segundo eles, não deveríamos ter posto o dinheiro nos hospitais; os recursos tinham de ter ido para o cumprimento da meta – relatou.
Segundo a presidente, o governo já tinha feito o maior corte orçamentário que o país viveu e ainda assim "eles queriam que colocasse mais dinheiro ainda na meta".
– Por isso quando votam (os deputados), votam por todas as razões, menos pelos decretos. Eles não queriam votar contra o dinheiro dos hospitais – argumentou.
Dilma ainda se defendeu dizendo que não participou de nenhum dos atos pelos quais foi acusada e agora pode perder o mandato.
– Eu sou acusada e sequer estive presente em qualquer dos atos. ê claro que as razões do impeachment são outras. É porque não tinham do que me acusar. Estão construindo uma acusação – afirmou. – Por isso digo que me sinto injustiçada por um grupo que quer chegar ao poder através de um caminho fácil, que não passa pelo caminho do voto do brasileiro – acusou.
Durante o discurso na cerimônia do Plano Safra da Agricultura Familiar ela afirmou que está se traçando o caminho para eleições indiretas. Disse que foi eleita para colocar em prática um programa que tinha como prioridades os programas sociais, mesmo enfrentando uma crise econômica e política. Ela ainda aproveitou a ocasião para fazer críticas ao presidente da Câmara, deputado Eduardo Cunha (PMDB-RJ).
– Estamos em maio e não tem, por decisão de seu presidente, não existem comissões que possam avaliar projetos. Não tem a comissão de orçamento, não tem a CCJ. Mesmo diante disso, das pautas bombas, da teoria do quanto pior melhor, temos lutado para manter os programas sociais – afirmou.