A Polícia Civil de Joinville chegou na tarde desta quarta-feira, dia 11, numa das últimas peças do quebra-cabeças do mistério que envolve a morte do adolescente Israel de Melo Júnior, de 16 anos, um dos crimes mais bárbaros da história da segurança pública de Joinville.

Leia mais notícias de Joinville e região
O local é um mangue atrás de pelo menos 20 casas no final de uma área de invasão do loteamento Juquiá, no bairro Ulysses Guimarães, na zona Sul da cidade. Até a tarde desta quarta-feira, eles procuravam pelo corpo, que estaria enterrado ou queimado perto da palmeira mais alta.
O adolescente morava no bairro Aventureiro e foi atraído para a morte no Juquiá num engenhoso plano. Os bandidos, ligados a um grupo criminoso, renderam duas pessoas conhecidas de Israel. A Polícia Civil não informa quem são essas pessoas, nem o grau de parentesco ou de amizade com o menino morto. Essas pessoas foram obrigadas a chamar o adolescente para uma suposta festa, que ocorreria no dia 1º de fevereiro deste ano, na zona Sul.
Israel não era líder de facção, não dominava nenhum local de venda de drogas nem tinha qualquer liderança ou comando sobre outros criminosos. Ele se transformou em alvo porque gravou alguns vídeos em que zombava e ameaçava o grupo criminoso da zona Sul e policiais. Quando ele chegou no Juquiá, na zona Sul, foi rendido e passou por uma longa sessão de tortura. Segundo o delegado Wanderson Alves, o laudo diz que há uma série de ferimentos na cabeça provocados quando ele ainda estava vivo.
- Ele foi morto entre a noite do dia 1º e a manhã do dia 2 de fevereiro, quando os criminosos gravaram o vídeo arrancando a cabeça dele - disse o delegado a um grupo de jornalistas que o ouviam exatamente sobre o local onde estava a casa que serviu de cativeiro.
O que chamou a atenção da Polícia Civil é que o local é cercado de casas com visão privilegiada de tudo o que acontece no mangue. Porém, nos três meses de investigação, a Polícia Civil encontrou poucas testemunhas que se dispusessem a dar alguma informação concreta.
Depois do sequestro, da tortura e do assassinato, os bandidos ainda fizeram uma série atos ousados no dia 2. Primeiro percorreram mais de 22 quilômetros com a cabeça de Israel em uma mochila, que foi encontrada numa rua movimentada na entrada do bairro Jardim Paraíso, na zona Norte. Também editaram o vídeo da decapitação, com trilha sonora e os momentos mais fortes em destaque e repassaram por meio do aplicativo Whastapp. Segundo o delegado, tudo isso teve como objetivo demonstrar força do grupo criminoso e aterrorizar os inimigos na cidade.
Nesta quarta-feira, por volta do meio-dia, durante as buscas do corpo, uma pessoa ligou sem dizer o nome para o Corpo de Bombeiros Voluntários de Joinville e informou que minutos antes os bombeiros estavam muito próximos do corpo, mas que teriam se afastado. A informação foi repassada para o delegado, que retomou as buscas perto da maior palmeira da vegetação. No entanto, apesar de buscas minuciosas dos Bombeiros, nada foi encontrado no local indicado.
Até a tarde desta quarta-feira, além do local exato, os policiais já haviam encontrado o machado usado para arrancar a cabeça de Israel, algumas roupas, um lençol, toalha, a cadeira plástica que aparecia no vídeo e uma carcaça de geladeira que poderia ter sido usada no crime. Mas, no fim do dia, sem encontrar mais indícios de que o corpo ainda estaria no local, as buscas foram encerradas. Segundo o delegado Alves, elas só serão retomadas se novas informações sobre a localização do corpo surgirem durante o inquérito.
Ainda podem ser feitas escavações em toda a região, que fica alagada boa parte do dia por causa da ação da maré. Para garantir a segurança dos bombeiros, policiais civis fortemente armados isolaram a área.
Os moradores respeitam a lei do silêncio. Todas as pessoas ouvidas pela reportagem e pela polícia disseram que não sabiam de nada ou não moravam no local quando o crime ocorreu.
A Polícia Civil tem seis pessoas presas acusadas de participarem do sequestro, da tortura e da morte do adolescente. Porém, segundo o delegado Wanderson Alves, outras pessoas podem ser presas nas próximas horas.