Reunida nesta segunda-feira, em Brasília, a executiva nacional do PSB fechou posição favorável ao impeachment da presidente Dilma Rousseff. O partido irá orientar a bancada a votar pelo relatório que recomenda o afastamento da presidente na comissão especial (nesta segunda-feira) e, também, para que o processo seja aberto na votação em plenário (prevista para ocorrer no domingo). As informações são do blog Cenário Político, da Rádio Gaúcha.
No domingo, a Rede Sustentabilidade também decretou posição a favor do impeachment de Dilma. De acordo com informações do portal da Câmara dos Deputados, o PSB conta atualmente com 31 parlamentares.
Leia mais
Deputado governista entra no STF para impedir manobra de Cunha
Processo contra Dilma "é nulo", afirma advogado-geral da União
Deputados negam desfiliação coletiva do PT
Em discurso na reunião que decretou a posição pró-impeachment, o ex-deputado federal Beto Albuquerque fez críticas ao governo Dilma Rousseff e disse que o PT é o centro da crise pela qual passa o país.
– Vivemos a maior crise da nossa história. Uma paralisia política que nos inviabiliza cada vez mais. Eu gostava do PT quando era coerente com seus ideais, com a esquerda, com a luta do povo e do trabalhador. Não do PT que é centro da crise que vivemos – afirmou.
Confira a íntegra da manifestação do ex-deputado Beto Albuquerque (PSB):
"Sobre o triste momento que vive o Brasil, faço algumas considerações.
Fosse outro governo que tivesse feito as barbaridades que vimos e temos tido conhecimento, o PT estaria, certamente, nas ruas pedindo o impeachment. Eu gostava desse PT! Não do atual, que chama o processo de "golpe".
É preciso coerência. É preciso seriedade. Vivemos a maior crise da nossa história. Uma paralisia política que nos inviabiliza cada vez mais. Eu gostava do PT quando era coerente com seus ideais, com a esquerda, com a luta do povo e do trabalhador. Não do PT que é centro da crise que vivemos.
Há um novo PT do qual não gosto e que não posso apoiar. Ser de esquerda não dá imunidade para quebrar a Petrobras, afundar as contas públicas e transferir os prejuízos para os bancos públicos pagar! Ser de esquerda não dá aval para quebrar a economia do Brasil; fechar 100 mil lojas/empresas; gerar 10 milhões de brasileiros desempregados; quebrar os fundos de pensão dos trabalhadores públicos e de empresas públicas. Muito menos colocar no vermelho até o FGTS, usado irresponsavelmente para investimentos que não deram certo. Desse PT eu não gosto! Desse PT não sou aliado.
Ser de esquerda não dá alforria para gastar R$ 501 bilhões em 2015 com pagamento de juros da dívida. Vejam: 8% do PIB com juros! O equivalente a 20 anos de Bolsa Família com juros num único ano! Ser de esquerda não permite ao governo conceder financiamentos privilegiados e com juros subsidiados a meia dúzia de grandes empresários como Eike Batista. Desse PT eu não sou e não serei aliado.
Milhões de brasileiros – como eu – gostavam e confiavam no PT quando ele lutava contra a corrupção! Denunciava as safadezas, fazia CPIs investigativas e muito barulho nas ruas por isso! Do PT que liderou o impeachment do Collor! Do PT que lutava para proteger o recurso público. Que era contra Sarney, Maluf, Renan, Collor, Jader Barbalho... Hoje, o PT é aliado deles todos, dando inclusive cargos na Petrobras, Correios, BB e CEF para estes mesmos homens a quem tanto combatemos.
Milhões de brasileiros – como eu – gostavam do PT quando este partido lutava pela reforma agrária, quando defendia a reforma política, a reforma tributária, a transparência e a autonomia dos municípios! Mas tudo isto acabou quando chegaram ao poder. As atitudes do PT de hoje enxovalharam a imagem da esquerda brasileira. Por isso não apoio o PT!
Não tem saída, companheiros! Do PT de hoje não somos aliados. Não podemos mais nos espelhar nele. Tampouco defender o indefensável. Fossem os fatos do presente momento narrados e divulgados de responsabilidade do PSB, de Eduardo Campos ou Marina e eu, o PT estaria mobilizando pelo impeachment! Não resta dúvida!
Nós não mudamos de lado. Nós não deixamos de lutar pelo que sempre lutamos. Nós, do PSB, seguimos fieis ao que nossa militância defende. Quem mudou de lado, de pauta, de agenda foi o PT. E deste PT, que governa para banqueiros, que mente, que maquia as contas públicas, que se alia a Collor, Sarney, Renan e tantos outros, não posso ser aliado.
O PSB está – e seguirá – em sintonia com o Brasil, com seus ideais, com sua história, com sua luta. Não vamos desistir do Brasil e do futuro que tanto almejamos para todos nós: um país sério, com justiça, livre da corrupção, com uma nova política, com agenda, com desenvolvimento, com rumo, com educação de qualidade, segurança e saúde; com sustentabilidade; com visão. Esse país é possível! E vamos, juntos, construí-lo.
#NãoVamosDesistirdoBrasil #ChegadePerder"
*Rádio Gaúcha