No cafezinho da Câmara, o deputado Paulinho da Força (SD-SP), um dos mais ferrenhos opositores de Dilma Rousseff, circulava na tarde desta quarta-feira com listas em mãos e um envelope pardo.
– Aí, quer assinar o meu bolão? É cem pau – dizia o parlamentar, abordando outros deputados.
Leia mais:
Como consultorias calculam a probabilidade de Dilma não se manter na Presidência
Primeiro voto será de deputado do RS e a favor do impeachment
MBL quer promover show com Carreta Furacão no dia da votação do impeachment
No bolão de Paulinho, ganhará o dinheiro recolhido quem acertar o placar da votação do impeachment, que ocorrerá no próximo domingo. Na lista, três colunas tinham de ser preenchidas. Em uma delas, o deputado colocava o seu nome. Nas outras duas, a quantidade de votos a favor e contra o afastamento de Dilma.
– Quer o dinheiro agora? – perguntou um deputado a Paulinho, depois de preencher o formulário.
– Lógico, é à vista. Não vou fazer fiado, não – retrucou Paulinho.
O deputado Covatti Filho (PP-RS) disse que estava sem dinheiro. Ficou de apostar mais tarde.
Por volta das 16h desta quarta-feira, Paulinho já contava com 25 inscritos no bolão. No envelope, havia reunido R$ 2,5 mil. Uma roda se formou em torno do promotor do jogo, que passou a fazer sucesso.
Dentre os palpites já coletados, apenas um indicava a derrota do impeachment e a permanência de Dilma. O deputado Valmir Prascidelli (PT-SP) anotou que o afastamento receberá 330 votos, o que resultaria no arquivamento do processo. Para dar andamento ao impeachment, com envio do caso ao Senado, são necessários pelo menos 342 apoios.
Os outros 24 pitacos indicavam, sem exceção, derrota de Dilma. A maioria apostou na faixa dos 380 votos pelo impeachment. O mais otimista chegou a indicar 404 manifestações pela saída da presidente.